"Meus olhos são meus ouvidos. Minhas mãos são bilíngues". A frase impressa nas camisetas de alunos e professores da Escola Estadual de Educação Especial Dr. Reinaldo Fernando Cóser, que completa 15 anos de atividades em 2016, é de autoria da atriz e escritora francesa Emmanuelle Laborit, surda de nascença, e resume a importância da comunicação visual, da língua de sinais e do trabalho dessa turma de Santa Maria na vida dos surdos.
Para comemorar o aniversário, professores, funcionários e alunos que fazem parte da história da instituição se reúnem neste sábado à noite. Uma cerimônia e um jantar, no CPF Piá do Sul, vão homenagear fundadores da escola, alunos e ex-alunos.
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A educação especial com uma abordagem bilíngue, em que a língua dos sinais e o português escrito sejam, respectivamente, a primeira e segunda língua ensinadas aos alunos, é uma luta antiga dos professores da Reinaldo Cóser, que abriu as portas em março de 2001.
Tudo começou quando, na década de 1990, o projeto "Reformulação da educação de surdos de Santa Maria com vistas à criação de uma escola", elaborado pelo Grupo de Apoio Pedagógico da Educação dos Surdos de Santa Maria, recebeu parecer favorável da Secretaria de Estado da Educação. Os responsáveis pela iniciativa eram professores do Estado, do Município, da Universidade Federal de Santa Maria, representantes da Secretaria Municipal de Educação, da 8ª Delegacia de Educação e Associação dos Surdos de Santa Maria.
- Os alunos surdos se sentiam perdidos na escola regular. Não conseguiam se comunicar, nem na escola, nem em casa. Não recebiam informações e, por esse motivo, não compreendiam o mundo, a realidade em que viviam. Eram como se fossem estrangeiros. Não havia troca - diz a professora Rosane Brum Mello, uma das incentivadoras da criação da escola e ex-diretora da Reinaldo Cóser.
Após 15 anos de atividade, o colégio, que fica na Vila Lorenzi, atende 90 alunos surdos de Santa Maria e região, e é referência de educação para surdos em Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, curso normal e formação de professores surdos (magistério), além da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O atual diretor da escola, Jeferson de Oliveira Miranda, educador físico, é surdo e sabe a importância e a responsabilidade que é dirigir e fazer parte dessa história.
- É um local importante, onde os alunos desenvolvem uma cultura e uma identidade própria. Daqui, eles saem aptos para prestar vestibular, para atuar no mercado de trabalho e com a autoestima elevada - afirma.
A professora Liane Moreira, educadora especial que trabalha com surdos desde a década de 1980, também viu e auxiliou no processo de criação da escola e afirma que os estudantes surdos são motivo de orgulho para professores e colegas:
- A mudança na vida dos surdos, depois da abertura da escola, é nítida. Antes, poucos surdos concluíam os estudos e um número menor chegava ao Ensino Superior. Hoje, eles saem preparados, e a maioria faz graduação e até especializações em diferentes faculdades.
Aniversário
Escola Especial Reinaldo Cóser completa 15 anos e celebra neste final de semana
Instituição é referência em educação para surdos e atende alunos de Santa Maria e região
Cassiano Cavalheiro
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