Usuários do Sistema Único de Saúde não têm associação nem sindicato. Não lotam as galerias da Assembleia, não têm poder para pressionar governos, não têm ferramentas para fazer chantagem. Por serem apenas pobres que precisam de atendimento médico e hospitalar na rede pública, estão sendo chamados a pagar a conta da crise que abala as finanças do Rio Grande do Sul. Pagam na forma de tempo de espera nas filas, de falta de leito, de demora para uma consulta especializada, de impossibilidade de fazer um exame de imagem capaz de diagnosticar doença ruim a tempo de fazer o tratamento.
Ações judiciais expõem crise na saúde no Estado
Todos os dias, surge pelo menos uma notícia de restrição nos atendimentos aos usuários do SUS. É um serviço de urgência e emergência que fecha as portas, um hospital inteiro que suspende as atividades, uma UPA que está pronta mas não funciona por falta de gente e de equipamentos, uma UTI que, mesmo equipada, não tem profissionais para atender pacientes em estado grave.
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Prefeituras recorrem à Justiça para cobrar repasses atrasados do governo estadual. Canoas conseguiu liminar, uma ação coletiva fracassou, Porto Alegre anunciou que vai recorrer à Justiça e que, se não conseguir receber os atrasados, terá de suspender atendimentos a pacientes do Interior que vêm em procissão atrás de serviços oferecidos na rede pública ou conveniada da Capital.
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A crise financeira, que para boa parte dos gaúchos é uma abstração, começa a mostrar a sua face macilenta. Ela já se apresentava na forma de estradas esburacadas e inseguras, de escolas caindo aos pedaços, de presídios em decomposição, de falta de vagas nas cadeias. Agora, é na saúde que se manifesta em toda a sua crueza.
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No final deste mês, a crise vai se materializar sob outras formas. O governo terá apenas 10 dias de arrecadação para pagar os compromissos de julho - salários, aposentadorias, pensões, dívida, custeio da máquina. Os outros 21 estão comprometidos com as contas que restaram de junho.
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