Diante da cobrança cada vez mais intensa por informações sobre o conteúdo e o destino dos documentos apreendidos na fortaleza de Osama bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, em 1º de maio de 2011, o governo dos Estados Unidos divulgou o que foi batizado de Estante de Bin Laden. Trata-se de uma lista genérica de livros em poder do fundador da rede Al-Qaeda e fragmentos de mensagens trocadas com seguidores.
Além da falta de referências e de sistematização do material divulgado, algumas revelações estão longe de constituir novidade. Um dos livros citados, Imperial Hubris (Excesso Imperial, inédito em português), do ex-analista da CIA Michael Scheuer, já havia sido citado elogiosamente pelo próprio Bin Laden em vídeo divulgado depois do 11 de Setembro.
Outros são Obamas Wars (As Guerras de Obama), do veterano repórter americano Bob Woodward, e Ascensão e Queda das Grandes Potências, do historiador britânico Paul Kennedy. Qualquer desses títulos pode ser adquirido em livrarias de aeroporto.
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Mensagens reproduzidas tampouco acrescentam muito ao que se sabe sobre Bin Laden. "O foco deve ser matar e lutar contra os americanos e seus representantes", escreve o saudita em uma carta. Trata-se, em essência, da mesma diretiva contida na declaração de guerra aos Estados Unidos em 1996.
Bin Laden recomenda que colaboradores evitem o uso de e-mails, dá orientações sobre como levar uma de suas mulheres, Umm Hamza, a Abbottabad, e preocupa-se com microaparelhos de escuta. Uma espécie de formulário de adesão à Al-Qaeda pergunta: "Deseja realizar uma operação suicida?".
Tudo indica que a divulgação é uma resposta à reportagem "O Assassinato de Osama bin Laden", de Seymour Hersh, publicada pela London Review of Books. Hersh desmente a versão de que farta documentação teria sido apreendida em Abbottabad. Os EUA dizem que o que foi divulgado corresponde a uma pequena parcela apreendida. Até agora, o material está longe de provar que a morte de Bin Laden foi uma operação americana.
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