
O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lançou um mapa interativo com 49 locais marcados pela repressão e pela resistência durante a ditadura militar no Brasil. Três deles ficam no Rio Grande do Sul.
A iniciativa, intitulada "Lugares de Memória da Ditadura Militar", integra a nova seção "Memória e Verdade" do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH). Segundo o ministério, o projeto destaca a importância desses espaços para preservar a memória histórica e fortalecer a democracia.
O mapa está disponível aqui.
Veja os locais no RS:
Fronteira em Santana do Livramento
A região da fronteira com o Uruguai era um importante eixo de trânsito internacional no Cone Sul. Após o golpe de 1964, tornou-se rota de fuga para brasileiros que buscavam refúgio no país vizinho. Com o golpe uruguaio (1973), o fluxo se inverteu, e muitos cidadãos do país vizinho cruzaram para o Brasil. O local também está historicamente ligado à Operação Condor (aliança repressiva entre ditaduras sul-americanas).
DOPS/RS (Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul)
Criado em 1937, durante o Estado Novo, o DOPS/RS, em Porto Alegre, atuou intensamente na repressão durante a ditadura militar, em parceria com o DOI-Codi do III Exército (Porto Alegre). O órgão operava no prédio onde hoje é o Palácio da Polícia, na esquina das avenidas Ipiranga e João Pessoa.
Subordinadas a ele, as Seções de Ordem Política e Social (SOPS) em cidades como Alegrete, Caxias do Sul e Rio Grande recebiam ordens para monitoramento de políticos. Entre 1970 e 1972, agentes como Paulo Malhães e Clodoaldo Cabral atuaram no local, período em que aumentaram as denúncias de tortura. O DOPS/RS também teve papel na Operação Condor.
Dopinho
Casarão na Capital funcionou como o primeiro centro clandestino de detenção pós-1964. Vinculado a militares e policiais civis, o local praticou violações como tortura e execuções. Fechado em 1967 após a morte do sargento Manoel Raimundo Soares — caso que envolveu o então chefe do Dopinho, major Menna Barreto.