Os bombeiros militares de Santa Catarina estão mais preparados para enfrentar os desastres urbanos que, infelizmente, não são tão raros no Estado. Um grupo de 30 profissionais, auto-financiados, acaba de retornar de evento no Chile, onde trocaram experiências e aprenderam com profissionais de resgate do país que possui uma das maiores atividades sísmicas do mundo. Entre os equipamentos-chave para salvar vidas estão os cães, recursos que assumem status de amizade e até mesmo de família.
Apesar dos desastres em solo catarinense serem de natureza distinta dos que costumam ocorrer no Chile, principalmente por não envolverem terremotos e neve, a maneira com que os cães de resgate atuam é bastante semelhante. Na tragédia do Vale do Itajaí, em 2008, por exemplo, os cães foram responsáveis por encontrar 23 pessoas, duas delas com vida.
O Corpo de Bombeiros Militar de SC (CBMSC) sofreu uma grande perda em meados de janeiro deste ano, quando o labrador Zorg, portador de oito certificações internacionais e com experiência em mais de uma centena de ocorrências, faleceu, aos onze anos de idade. No currículo invejável, Zorg também possuía os Jogos Panamericanos e um projeto de cinoterapia na APAE de Xanxerê.
No entanto, esse triste fato serviu apenas de estímulo para o serviço de cães do CBMSC investir ainda mais em excelência. Alguns dos animais em treinamento já são da quinta geração de cães de resgate catarinenses e filhotes já foram enviados para corporações de sete outros estados brasileiros. O próprio dono de Zorg, Ivaldir Busaquera, já está treinando um novo filhote, dessa vez fêmea, para seguir o legado.
Na próxima semana, o CBMSC vai promover a aposentadoria solene de Brasil, um labrador de nove anos que apesar de ter idade para continuar na ativa possui um problema na pata que não pôde ser resolvido. Mesmo não participando mais de ocorrências, Brasil continuará tendo sua ração custeada pela instituição da qual fez parte.
O Major Walter Parisotto, Coordenador do Serviço de Cães, explica como é a dinâmica da parceria entre cão e homem:
- Nós não tratamos os cães como uma simples ferramenta, ele é um membro da coorporação. Quando um bombeiro decide treinar um cão para atuar em ocorrências ao seu lado, ele recebe um filhote que passa a viver em sua casa e os dois só poderão fazer atendimentos reais juntos após receberem certificação. É preciso gostar muito e se sentir privilegiado por ter um companheiro desses no trabalho.
Atualmente, existem quinze binômios, como é chamada a dupla formada por cão e humano, distribuídos em sete municípios de Santa Catarina.
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