
O Ministério Público divulgou, nesta quinta-feira (13) o resultado final da investigação sobre a morte de dois jovens, em Bento Gonçalves. A investigação durou oito meses. Anderson Styburski, 16 anos, e Danúbio Cruz da Costa, 20 anos, foram mortos durante uma perseguição policial.
O promotor de Justiça Eduardo Lumertz denunciou dois policiais, Edegar Júnior Oliveira Rodrigues e Neilor dos Santos Lopes por duplo homicídio com dolo eventual e dupla tentativa de homicídio.
Para o Ministério Público, ocupantes da Fiorino atiraram contra os policiais. A conclusão vem do resultado de um exame residuográfico que apontou a presença de chumbo nas mãos dos ocupantes, o que indica o uso de arma de fogo.
De acordo com o promotor, as denuncias estão embasadas em laudos periciais, nos depoimentos dos policiais e dos jovens envolvidos, entre outros elementos. Ele informa ainda, que há indícios que os jovens possuem envolvimentos com a arma.
“Houve um conjunto de elementos de provas. Isso possibilita ao Ministério Público afirmar que eles, de alguma forma, tiveram envolvimento com a arma de fogo encontrada no veículo.
Tiago de Paula, 18 anos, motorista da Fiorino foi indiciado por quatro crimes. Ele vai responder por desobediência, porte ilegal de arma, disparo de arma de fogo e resistência à ordem de servidor público mediante violência. Um adolescente que também estava no veículo foi denunciado por desobediência e porte ilegal de arma.
Relembre o caso:
Anderson e Danúbio foram encontrados baleados e mortos no baú de uma Fiorino, na madrugada de 16 de março. Os policiais Edegar Júnior Oliveira Rodrigues e Neilor dos Santos Lopes admitiram em depoimento ter disparado contra a Fiorino em legítima defesa porque um dos ocupantes do veículo atirou duas vezes com um revólver. Os sobreviventes da perseguição, Tiago de Paula, 18, e um adolescente negam essa versão.
O caso começou no bairro Cidade Alta. Tiago conduzia a Fiorino e passou pelos policiais que estavam numa viatura. Desconfiados, os policiais acompanharam o veículo dos jovens. Cerca de 200 metros adiante, os policiais tentaram abordar a Fiorino. Nesse momento, Tiago decidiu fugir por dois motivos: havia consumido bebida alcoólica e levava Anderson e Danúbio na caçamba da Fiorino, o que é proibido pelo código de trânsito.
A perseguição se estendeu por várias quarteirões até chegar no final da Rua Domênico Zatti, a dois quilômetros do ponto da primeira abordagem. A partir desse momento, surgiram duas versões.
Tiago e um adolescente que estava na cabine da Fiorino afirmam que subiram com a Fiorino em um trecho sem pavimentação. O veículo patinou na terra e voltou de ré, batendo na viatura. Ali, os policiais teriam disparado diversas vezes contra o baú da Fiorino, matando Anderson e Danúbio.
Os policiais, porém, afirmaram que um dos ocupantes da Fiorino sacou uma arma e atirou pela cabine, o que provocou a reação.
Após os tiros, Tiago fugiu com o veículo e parou nos fundos da casa do adolescente que estava na carona. Quinze minutos depois, uma segunda equipe da BM encontrou a Fiorino e prendeu Tiago. Os PMs abriram o baú da Fiorino e encontraram os corpos de Danúbio e Anderson, ao lado de um revólver calibre 38.
A arma, que poderia esclarecer se os rapazes realmente atiraram contra os PMs, virou prova secundária na investigação. Apesar de estar registrada, a Polícia Civil não conseguiu esclarecer como o revólver foi parar dentro da Fiorino.
Os dois rapazes sobreviventes negam o uso de arma, ainda que a perícia tenha apontado resíduos de pólvora nas mãos de três dos quatro jovens.
*Com colaboração de Adriano Duarte (Jornal Pioneiro / Grupo RBS)