Três dos oito investigados por desvio de recursos do Governo Federal destinados à construção de casa populares se elegeram com a prática ilegal em Estância Velha. Esta conclusão é da Polícia Federal, que investiga o uso das verbas do Programa de Subsídio à Habitação de Interesse Social (PSH) no município do Vale do Sinos. Na manhã desta quinta-feira (27), foram cumpridos doze mandados de busca e apreensão em empresas, residência e órgãos públicos do município.
Em um prédio público, a Polícia Federal encontrou um bilhete com o seguinte recado: "Não escaparemos de responder por improbidade administrativa em função das casas do PSH."
No pleito do ano passado, alguns candidatos, em troca de votos, ofereceram a cabos eleitorais imóveis, que deveriam ser destinados apenas para famílias de baixa renda. São 140 casas construídas nos bairros Campo Grande, Veneza e Lago Azul. A investigação apura crimes eleitorais, mas há indícios de desvios de recursos públicos.
Ao todo, R$ 1 milhão disponibilizados à prefeitura pelo Governo Federal foram parar em duas contas particulares; uma delas é de uma ex-secretária ligada a uma cooperativa habitacional. Em seguida, o dinheiro foi a uma ferragem-agropecuária de Novo Hamburgo, como afirma o delegado Rafael França, da Defesa Institucional da Polícia Federal:
"Essa conta tinha dois titulares. Um deles é gestor público e outro não tinha qualquer relação com o Governo Municipal, o que chamou a atenção da Polícia Federal. E nós não sabemos, até agora, como foram feitas as comprovações dos pagamentos feitas a essas ferragens e quais projetos foram aprovados para cada unidade habitacional", ressalta.
Durante as apreensões, a polícia também encontrou listas com os nomes dos beneficiados no esquema. A investigação começou em novembro do ano passado após denúncias de pessoas que tiveram a promessa - de candidato a prefeito, vice-prefeito e vereador - de receber a casa popular em troca de votos, mas não ganharam os imóveis. Um dos denunciantes chegou a sofrer uma tentativa de homicídio.