Pescador encontra fóssil de preguiça gigante em Santa Vitória do Palmar

A história é de pescador: Oldemar Moreno, o Nenê, como é conhecido em Santa Vitória do Palmar, no extremo sul do Estado, jogou a rede, só que em vez de peixe fisgou um pedaço do fêmur de um animal que viveu na região há mais de 10 mil anos.

Poderia até ser invenção, não fosse o atestado do especialista. O pescador realmente encontrou um fóssil, trata-se de parte de uma preguiça gigante - que a partir de agora será acervo do museu da cidade.

Segundo o biólogo Jamil Pereira, que trabalha com paleontologia desde o início dos anos 90 e é mestrando em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), por mais que pareça inusitado, é comum o aparecimento desse tipo de material em Santa Vitória. Isso se explica pela geografia da cidade, que é contornada por água - o que permite a conservação da ossada dos animais que habitaram a região.

No museu da cidade já existem um crânio da mesma espécie encontrada pelo pescador e parte de um elefante pré-histórico. De acordo com Jamil Pereira, que também é diretor do museu, o acervo é visitado por pelo menos estudantes de duas universidades visitam a cada mês.

- Somos um dos maiores sítios arqueológicos do Rio Grande do Sul, o que faz de Santa Vitória um berçário para estudos da pré-história - diz o pesquisador.

O fêmur de cerca de seis quilos foi encontrado na lagoa mirim, cerca de 15 quilômetros do cais do porto - em uma localidade conhecida como Ponta do Mato das Areias. De acordo com o especialista, a ossada achatada e larga é típica das espécies de preguiça gigante. Esses animais eram os maiores mamíferos terrestres da região, eles mediam até seis metros e pesavam em torno de cinco toneladas.

Foram colocadas estacas no local onde o fóssil foi encontrado pelo pescador. Segundo o pesquisador, quando o nível da lagoa estiver mais baixo - nos meses do verão - serão realizadas buscas por mais materiais e estudos naquela região.