Não demorou nem uma hora para Dorival Júnior responder sobre a relação que se imaginava conturbada com o principal jogador da Seleção Brasileira: Neymar. Apresentado oficialmente nesta quinta-feira (11), o treinador teve um desentendimento com o atacante em 2010, no Santos, que culminou da sua demissão do cargo do técnico. Dorival Júnior teria impedido o atacante de cobrar um pênalti no jogo contra o Atlético-GO, o que resultou na troca de xingamentos entre ambos e na posterior demissão do treinador.
Na entrevista coletiva na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, o novo comandante negou que as relações ainda estejam estremecidas. Segundo ele, já houve outros encontros com o atleta e, desde então, a convivência desfruta de plena normalidade. Por outro lado, Dorival Júnior não deixou de fazer observações sobre o aproveitamento do craque na Seleção.
— O Brasil tem que aprender a jogar sem o Neymar, entendendo que o momento dele é de uma lesão, mas tem que saber que nós temos aí um dos três maiores jogadores do mundo nesse momento, e nós temos que aproveitá-lo. E o Neymar é um jogador importante, desde que recuperado, em condições e totalmente focado — acrescentou.
Equilíbrio e a balela dos números
A Seleção Brasileira está na sexta posição nas Eliminatórias, com duas vitórias, um empate e três derrotas. O momento ruim foi reconhecido durante a coletiva. Para Dorival, é hora de mudanças. O treinador explicou que não necessariamente as alterações serão de nomes na lista de convocação. Ele afirma que é preciso uma mudança emocional e de postura.
— Não é nem uma mudança de nomes, o que vem acontecendo de maneira gradativa da Seleção da última Copa. É uma mudança emocional, postural. O atleta tem que entender que ele está vestindo uma camisa respeitada. Se, neste instante, nós não estamos em uma posição adequada com relação a nossa classificação para mais uma Copa do Mundo, pode ter certeza que nós vamos tentar, ao máximo, reverter tudo isso — explicou.
Questionado sobre o estilo de jogo a ser proposto, Dorival Júnior foi taxativo ao dizer que não tem um modelo pronto a ser aplicado na Seleção. Conforme o técnico, a ideia durante a carreira foi sempre se moldar às características dos jogadores à disposição. Agora, não será diferente.
— Eu acho que, em todas as equipes em que cheguei, eu me adaptei à equipe. Eu nunca cheguei com um sistema pré-estabelecido. Eu procuro identificar o que tenho nas mãos. Números, para mim, são muito relativos. Eu não me apego aos números, 3-5-2, 4-3-3, para mim isso é balela. O que nós temos é que defender com o maior número (de jogadores) possível e defender da mesma forma. O equilíbrio, para mim, é o fundamental e o principal —comentou.
Pedido
Tanto antes da entrevista coletiva começar quanto durante as respostas, uma fala do treinador foi frequente: o engajamento do torcedor para com a Seleção Brasileira. Dorival Júnior entende que a união em torno do time é uma parte fundamental para uma boa campanha até uma possível final de Copa do Mundo.
— O camarada acabou perdendo o carinho, o amor que sempre teve com a Seleção. Tá na hora de mudar tudo isso. Nós só vamos mudar se pararmos de dividir. Será um forma de a gente voltar ser uma equipe — conclamou.
Dorival Júnior chega com os auxiliares Lucas Silvestre, que é seu filho, e Pedro Sotero. Novos nomes devem se somar a comissão. A CBF deixou em aberto a possibilidade de contratações de outros nomes de confiança de Dorival Júnior.
O paulista que, ainda na infância, acompanhava treinos da Ferroviária de Araraquara, onde o pai era diretor de futebol, e que, diante das tantas especulações não confirmadas do passado, até chegou a se desacreditar do sonho da Seleção, finalmente chegou ao tão esperado posto. A estreia de Dorival Júnior à frente do Brasil será em março, em amistosos contra a Inglaterra, no dia 23, e a Espanha, no dia 26.