Sem definir se é jogador ou “ex”, Alex, meia campeão do mundo pelo Inter, bicampeão da América por Inter e Corinthians e craque na campanha vitoriosa colorada na Copa Sul-Americana em 2008, foi a atração do Cardápio do Zé de outubro no Gaúcha Sports Bar. Ele contou como está sua vida distante dos campos, mas sem assumir um encerramento de carreira e deixou indefinido o futuro. Uma coisa é certa: não haverá jogo de despedida.
Com naturalidade, depois de longo silêncio, Alex revelou que seu projeto era encerrar a carreira no Inter, mas jogando até o final do próximo ano e isto foi traumaticamente interrompido pela rescisão de contrato ocorrida no início de 2017. Antes disso, porém, ele já passava por um processo depressivo que desde 2015 vem sendo tratado por médicos e com o uso de remédios. As causas de suas inquietações estariam ligadas fortemente ao desempenho no clube, agravadas pela realidade colorada de 2016 e o rebaixamento do time.
- Me senti um fracassado...Houve uma crise de comando no clube, no departamento de futebol e no vestiário...Claramente eu não estava nos planos.
Sobre depressão, contou do sentimento ruim de ter sucesso, ser reconhecido, com boa situação financeira, mas estar infeliz com a vida, precisando de auxílio externo. Dise ter falado constantemente nos últimos tempos com o ex-colega e grande amigo Nilmar, também vítima da depressão após ser contratado pelo Santos e que está se tratando para livrar-se do problema.
- Estou tentando ajudá-lo. Falamos ainda nesta semana. Quero ajudar para que ele se reencontre
Da atual direção colorada ficou uma recordação triste, uma vez que foram os dirigentes que rescindiram seu contrato.
- Fiquei chateado, muito puto. Achei que ia ter chance de me recuperar e meus planos foram interrompidos inesperadamente. Não fiquei magoado. Já conversei com o Marcelo Medeiros, com o Roberto Melo e o Jorge Macedo depois disso. Foram corretos na minha saída, mas indiretamente fizeram eu gastar um dinheiro extra com uns remédios que eu tive que tomar a mais para a depressão. Mas o pagamento virá com a recondução do Inter à Série A e a reorganização do clube.
Vinculado sentimentalmente com o Inter, Alex garante que ainda não voltou ao Beira-Rio.
- Estou torcendo, porém ainda não consegui voltar ao estádio. Já marquei de ir a jogo, mas na hora e tenho um bloqueio. Não chego a ver um jogo inteiro. Tudo o que a gente passou e que o clube está passando me afetam muito.
Muito crítico à situação dos clubes e incluindo o Inter nisso, diz já ter alertado pessoas como Fernando Carvalho de que só uma reorganização política pode reconduzir o Inter a um caminho vitorioso e usa o exemplo atual do São Paulo como ilustração.
Algumas figuras presentes na carreira de Alex merecem rasgados elogios. Segundo ele, o técnico da Seleção Brasileira Tite é bom em tudo o que faz. Foi com ele que o jogador teve seu melhor momento no Inter.
Já o ex-companheiro Tinga é visto como uma grande contratação se o Inter o trouxer como diretor de futebol.
- Em todo o lugar que ele estiver, ele vai somar. Agregador, simples e vitorioso, se vier para nosso colorado, vai ajudar muito.
Há também a lembrança de saudade do parceiro de título mundial Fernandão, Emocionado, Alex diz ter sido alguém iluminado, chegando a compará-lo com ídolos como Ayrton Senna.
A frustração de não ter uma voz boa para cantar, os planos de se dedicar ao agronegócio, a possibilidade de ser técnico ou gestor de futebol, o fato de ter muitos fãs entre os gremistas, a trajetória marcada por superação e títulos e a certeza de que o Corinthians será campaão brasileiros são outros temas trados por Alex Raphael Meschini , ou simplesmente Alex neste Cardápio do Zé.
Confira a conversa com Alex no Cardápio do Zé:
Confira o Cardápio do Zé também em vídeo: