O ex-centroavante argentino Martín Palermo encerrou a carreira em 2011, mas segue com algumas marcas importantes até hoje. Ele ainda é o maior goleador da história do Boca Juniors, quinto maior artilheiro do futebol de seu país e o jogador mais velho a marcar um gol em Copa do Mundo com a camisa alviceleste. E, no próximo domingo, ele estará em Porto Alegre para participar do evento Lance de Craque, promovido por D'Alessandro no Beira-Rio, juntamente com todo esse currículo.
Em Buenos Aires, a caminho de Miami onde daria aulas de futebol em uma escolinha do Boca, Palermo conversou com a Rádio Gaúcha e falou sobre Maradona, seleção argentina e a amizade com D'Alessandro. Também contou sobre sua carreira, especialmente a trajetória na equipe de Buenos Aires, na qual alcançou 14 conquistas até a emocionante despedida de "El Titán", em junho de 2011.
O que você espera do Lance de Craque? Qual a sua opinião sobre eventos beneficentes com a participação de jogadores?
Creio que será uma linda oportunidade para, em um jogo beneficente, ajudar os menos favorecidos. No ano passado D'Alessandro já havia me convidado, mas por outras circunstâncias não pude estar presente. É algo importante que nós, como jogadores de futebol, poder participar. Ainda mais nos finais de ano quando os jogadores estão à disposição.
Desde quando existe a amizade com D'Alessandro?
Nos enfrentamos em alguns clássicos entre Boca e River. Temos um amigo em comum. Sempre mantenho contato com ele. Quando enfrentamos o Inter também estivemos em contato, assim se fortaleceu minha amizade com Andrés (D'Alessandro). Eu lhe convidei para minha partida de despedida, infelizmente ele não pode estar. Por mais que exista essa rivalidade dele ter se criado no River e eu no Boca, sempre estamos em contato e estou muito agradecido por ele ter me convidado para participar desse evento.
Você recebeu propostas para atuar no Brasil em algum momento da sua carreira?
A verdade é que proposta concreta nunca houve. Na minha última etapa como jogador havia interesse do Palmeiras e do São Paulo, mas já estava encerrando a carreira e decidi terminar no Boca, o clube que mais me identifiquei. Por toda a história que tenho no clube também. Por isso decidi encerrar a carreira no Boca.
E agora, como está esta nova experiência como treinador?
Tive duas experiências: um ano no Godoy Cruz e depois no Arsenal, de Sarandí. Agora espero uma nova oportunidade. Estou com vontade de seguir trabalhando. Acredito que ser treinador de futebol não é nada fácil, mas eu tenho a mesma paixão de quando fui jogador e quero seguir fazendo o mesmo como treinador. Tenho que estar me preparando sempre, ser jogador de futebol não te leva a ter todo o conhecimento para ser treinador, assim tenho que estar preparado e esperar o momento. Treinador, às vezes, não tem continuidade como o jogador de futebol que faz um contrato de três anos, por exemplo. Se um treinador não obtém resultado ele é demitido, mas estou tranquilo, esperando o momento e a oportunidade para voltar a trabalhar.
Quais foram os gols mais importantes da carreira?
No Boca, com certeza, foram os dois gols que marquei contra o Real Madrid na final do Mundial de Clubes, no Japão. Com a seleção argentina foi o gol pelas eliminatórias contra a seleção peruana, no Monumental de Nuñez, que nos ajudou a classificar para a Copa do Mundo. Justamente o gol que fez com que eu jogasse minha primeira Copa do Mundo. Joguei contra a Grécia (na Copa de 2010) durante 10 minutos e marquei um gol. Acredito que viver essa experiência aos 36 anos foi algo incrível. São emoções que estão muito presentes.
Como é a sua relação com Maradona?
A gente sempre está em contato. Por mais que ele não esteja na Argentina agora, nos falamos com frequência. Ele me ligou pelo meu aniversário e eu retornei no aniversário dele. Trocamos algumas mensagens. Serei eternamente grato a ele. Foi ele que me indicou ao Mauricio (Macri), quando este era presidente do Boca. Depois, obviamente, por esta convocação para a seleção. Graças a ele fiz algo que não faria nunca.
Quais são as suas lembranças sobre a final da Libertadores de 2007, contra o Grêmio?
Fizemos grandes partidas tanto em La Bombonera quanto no Brasil. Riquelme fez um grande jogo com um gol incrível. Eu tive a infelicidade de errar um pênalti, defendido pelo Saja e cometido pelo Schiavi. Mas são lindas recordações, afinal foi uma conquista importante para o Boca, que nos deu a chance de jogar o Mundial de Clubes. São momentos importantes que marcam sua carreira.
Riquelme foi o principal jogador que atuou ao seu lado?
Roman (Riquelme) faz a diferença pela sua qualidade, pela sua forma de jogar. Tanto ele quanto Schelloto me entendiam e eram os jogadores que mais me davam assistências. Roman é um jogador que tem uma capacidade e uma visão de passe para o atacante que sempre me deixava em situação de gol.
O momento mais emocionante da carreira foi o jogo de despedida contra o Banfield?
Obviamente que sim, a partida contra o Banfield, minha última partida em La Bombonera foi muito emocionante, com muitas sensações. Por tudo que fiz pela camiseta do Boca, tantas coisas que o futebol me deu, quando alguém se despede passa tudo pela cabeça e a emoção é muito forte, ainda mais dividindo com a família e com amigos. Foi uma decisão difícil, um momento emocionante abandonar o futebol.
O que você espera do governo de Mauricio Macri, novo presidente da Argentina?
Com Mauricio tenho uma excelente relação, é uma pessoa capaz em tudo que se propôs em sua carreira, seja como presidente do Boca, como prefeito de Buenos Aires e agora diante deste novo desafio de ser o presidente do nosso país. Ele sabe que tem que melhorar a Argentina, melhorar a educação, existem muitas coisas que sabemos que a Argentina precisa melhorar e ele está pronto para este novo desafio.
Quem foi melhor Pelé ou Maradona?
Não tive a sorte de ver Pelé jogar. Vi o Maradona em duas Copas e dividir com ele o vestiário no Mundial de 2010, e pelo carinho que tenho por ele, com certeza fico com Diego.
*RÁDIO GAÚCHA