De um dos países mais pobres da Europa antes da II Guerra Mundial a um dos mais desenvolvidos econômica e socialmente, sem perder o espírito de luta. A Islândia, classificada à Eurocopa pela primeira vez na história, tem um pouco de Uruguai no seu sucesso.
Com 329 mil habitantes (equivalente à cidade de Canoas), a situação da Islândia é comparável à do Uruguai. Com 3,3 milhões de habitantes (menos que a região metropolitana de Porto Alegre, com 4,2 milhões), a celeste faz frente a gigantes como Brasil e Argentina e são conhecidos por seu espírito de luta. Ao seu modo, a Islândia também. Desde cedo, frio e vento ao ir para a escola ou jogar futebol em temperaturas negativas moldam a personalidade do islandês. Mas a raça não explica sozinha a classificação.
Na última década, o país construiu sete campos de futebol oficiais e quatro com metade do tamanho, fechados e aquecidos. Praticamente todo clube tem gramados artificiais, que podem ser usados os 12 meses do ano.
Além da estrutura física, investiu-se em pessoas. No final de 2013, a Islândia tinha 563 técnicos com a licença Uefa B (para categorias de base) e 165 com a Uefa A (para times profissionais). Mais técnicos qualificados por jogador que países de ponta como Alemanha e Espanha.
A crise mundial de 2008, que teve a Islândia como uma das maiores afetadas, fez os jogadores islandeses ficarem mais baratos e aumentou o fluxo para outras ligas. Atualmente, 58 jogadores profissionais islandeses atuam fora do país e 23 estão nas categorias de base no Exterior. Em 2011, o time sub-21 se classificou ao europeu da categoria deixando para trás a Alemanha de Hummels, Kroos, Müller e Schürrle, campeões mundiais no Brasil em 2014.
Jogadores da boa campanha sub-21 de 2011 se tornaram protagonistas da seleção principal, como Sigurdsson, Gunnarsson (que virou capitão do time), Sighthorsson e Finnbogason. Surpreendeu nas Eliminatórias para a Copa de 2014 e só perdeu a vaga na repescagem para a Croácia.
O aumento do número de seleções da Eurocopa facilitaria a tarefa de classificação, mas o grupo com Holanda, Turquia e República Tcheca era difícil. Classificou-se com duas rodadas de antecedência. A Eurocopa já virou realidade. A classificação para a Copa de 2018 não é mais um sonho. É um objetivo.