
O caminho do hepta gaúcho do Grêmio, construído nos últimos anos – e que ainda mantém a chama do octa viva para a decisão deste domingo (16) –passa por uma mobilização que ligou os gabinetes, o vestiário e as arquibancadas da Arena.
A paixão por vencer o rival e ser dominante dentro do Rio Grande do Sul foi o combustível do Grêmio para enfileirar sete títulos consecutivos. E o clube chega em 2025, 49 anos depois de o Inter alcançar a marca do octa, com a chance de escrever um capítulo marcante da história do futebol gaúcho.
Renato Portaluppi: "Levantar taça é a melhor coisa que tem"

Maior ídolo do Grêmio, dentro e fora de campo, Renato Portaluppi guiou os seus times a cinco das sete conquistas de Gauchão neste período de vitórias consecutivas.
— Dos sete títulos seguidos, tive o prazer e a honra de estar presente em cinco deles. Cada título tem um sabor diferente e foi conquistado com muito trabalho, muito suor, muita disciplina e também com um ambiente muito bom. Sempre foi assim comigo dentro do Grêmio. Todos sabem das suas obrigações, mas eu sempre quis os jogadores e todo mundo envolvido com o processo com um sorriso no rosto. Isso para mim é muito importante. O cara tem de ter vontade de ir trabalhar. Levantar taça é a melhor coisa que tem. É assim que você marca a sua história dentro de um clube. E eu poder fazer isso pelo meu clube de coração é ainda mais especial — projeta.
Hoje na torcida, o ex-presidente Romildo Bolzan viu essa ligação ser construída. Uma necessidade que o clube abraçou, mesmo após títulos em competições maiores. E que se pagou com o retorno do investimento feito por todos os envolvidos nos últimos anos.
— Fomos campeões da Copa do Brasil, Libertadores e Recopa Sul-Americana. Mas ainda não tínhamos o Gauchão. Era uma obsessão. Formamos o conceito de que era necessário ganhar. Criamos, e esse ambiente se manteve. A rivalidade ajudou a manter essa disputa. Fazíamos um enfrentamento muito carregado de emoção, de comprometimento. Mesmo quando estávamos na Série B. Reunimos bons jogadores, experientes, e que criaram uma cultura de vencer o Gauchão — avalia Bolzan.
Título nos pênaltis

Protagonista na conquista sobre o Inter em 2019, o goleiro Paulo Victor foi fundamental na disputa por pênaltis que decidiu o campeonato. Dentro da Arena, após dois empates sem gols nos clássicos das finais, o goleiro defendeu três cobranças. E citou o companheirismo como combustível dos times que fez parte.
— O título de 2019 tem um gosto muito especial, por tudo que aconteceu, os pênaltis defendidos, mas todas as conquistas foram muito importantes. Sempre encaramos o Estadual com muita seriedade. Além disso, tem a rivalidade e vencer é inegociável — explica o goleiro.
Esse sentimento é algo que ligou jovens e veteranos que vieram para o clube e experimentaram o ambiente gremista. Darlan, revelado nas categorias de base do Grêmio, comentou sobre o vínculo construído a partir do vestiário.
— Realmente essas conquistas vieram porque o grupo era formado por pessoas com história de vencedores no clube, com uma identificação grande. Um time que sabia a importância do Gauchão, mas principalmente dos clássicos Gre-Nais — disse o meio-campista, que atualmente defende o chinês Wuhan Three Towns.
Contratado já na reta final da carreira, Léo Moura confirma que o diferencial do Grêmio nesse período está nesse ligação entre as pessoas do clube.
— Assim que eu cheguei ao Grêmio, em 2017, a primeira sensação que eu tive foi de estar entrando para uma família. Parecia que eu já fazia parte daquele grupo que começou a construir sua trajetória um ano antes, ganhando a Copa do Brasil. Fui campeão estadual em 2018 e 2019 e, por mais que algumas pessoas falem mal, é gostoso demais jogar o Gauchão. Ainda mais com aquele grupo. Não era só trabalho, era diversão. Fico muito feliz e honrado de ter ajudado a construir essa história — confirmou Léo Moura, atualmente aposentado dos gramados.
Guerra busca mais uma taça
Atual presidente do Grêmio, mas com duas conquistas como diretor de futebol entre 2018 e 2019, Alberto Guerra ainda vê esse mesmo sentimento no atual grupo de jogadores e funcionários. Mas depois dos títulos de 2023 e 2024, com a necessidade de algumas mudanças, o ano de 2025 foi o de maior alteração na comissão técnica e grupo de jogadores. Ajustes na rota de olho no futuro.
— O caminho dessas conquistas passa pela continuidade do trabalho. Independente das diferenças, mantivemos uma continuidade dentro do clube. Os profissionais do dia a dia. A parte operacional do clube, com quase 100% dos funcionários do clube. Isso é importante. Não à toa, chegamos novamente, mesmo com mais mudanças em comissão técnica e jogadores. Isso leva tempo até as coisas se ajeitarem. É o normal do futebol levar mais um tempo para um novo trabalho se consolidar — projeta Guerra.
É por esse ingrediente especial que a chance do octacampeonato tornou a edição deste ano tão especial para os dois lados da rivalidade Gre-Nal. Um sentimento que permeou os 168 jogadores do Grêmio que entraram em campo nos últimos oito anos. E que ao final deste domingo poderá marcar um capítulo inédito na história tricolor.
Em imagens, relembre as sete conquistas do Grêmio
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