O sonho de voltar a viver do futebol e a coragem de iniciar uma história longe de casa motivaram Ederson Machado, o Chuchy, a aceitar o convite do Caxias, há pouco mais de 15 anos. Natural de Santiago, ele teve menos de 24 horas para avaliar e aceitar o convite de Edinho Machado, à época dirigente grená, e vir a Caxias do Sul.
— Ele me ligou e falou "Topa? Só que tu precisa estar aqui amanhã". Eu conversei com meus familiares, isso por volta de 17h, e no outro dia, às 8h, eu estava em Caxias — relembra Ederson, de 41 anos, roupeiro do clube grená.
À época, no entanto, o convite era para outra função. Ele chegaria a Caxias do Sul para cuidar do alojamento da base.
— No meu segundo dia na cidade, o roupeiro havia faltado e eles me pediram uma ajuda. Então, eu fiz todo o trabalho, organizei tudo e o Edinho disse para mim "Tu veio para a função errada. Topas seguir como roupeiro?". Eu fiquei pensando, e aceitei. Então, desde o meu terceiro dia no clube, sou roupeiro do Caxias — conta.
A jornada é longa, mas nem sempre foi fácil. No início, Ederson sofreu para adaptar-se a uma nova história, com cidade, profissão e cultura diferentes.
— Eu lembro que nos meus primeiros cinco meses dentro do estádio, quando eu morava aqui, eu pensava em ir embora. Mas com o tempo fui conhecendo pessoas, fazendo amizades, e foi ficando mais fácil — detalha.
Agora, com quase 16 anos de Caxias, já está mais do que adaptado. Dedica mais da metade do seu dia ao clube, com muito amor, e conta entusiasmado as histórias que já vivenciou pelo grená.
Nos meus primeiros cinco meses dentro do estádio, quando eu morava aqui, eu pensava em ir embora
EDERSON MACHADO
roupeiro do Caxias, sobre adaptação à cidade
— Eu sou o primeiro a chegar e o último a sair. Eu vivo o Caxias, são quase 15 horas por dia. Com o tempo, a gente também aprende muito sobre os gostos dos jogadores, como eles querem que deixe a chuteira, o tamanho do calção, da camiseta. Cada um tem seu gosto — conta.
Quando jovem, Ederson também tinha suas preferências quanto ao uniforme, chegou a jogador futebol de salão, mas quis o destino que fosse como roupeiro que continuasse escrevendo sua história no esporte. Agora, é assim que se vê fazendo parte de mais capítulos da história grená.
Eu vivo o Caxias, são quase 15 horas por dia (dedicadas ao clube).
EDERSON MACHADO
roupeuro do Caxias, sobre a rotina
— Nunca pensei em trabalhar como roupeiro, mas as coisas foram acontecendo e hoje eu não me vejo longe do que faço. Fiz parte do primeiro acesso nacional do Caxias, que foi incrível, e estamos nos preparando para mais — finaliza.
Apaixonado pelo que faz, Ederson sonha em ver o Caxias no topo, buscando acessos e títulos. E é ajudando em cada processo que pretende acompanhar o rumo dessa história.