
Uma proposta ousada da Conmebol agitou os bastidores do futebol mundial. A entidade máxima do futebol sul-americano sugeriu à Fifa a expansão da Copa do Mundo de 2030 para um formato inédito, com a participação de 64 seleções.
A ideia, que visa aumentar a representatividade no principal torneio de seleções, traria consigo um novo sistema de disputa, com a formação de 16 grupos de quatro equipes cada.
— Estamos convencidos de que a comemoração do centenário será única, porque só se faz 100 anos uma vez. E é por isso que estamos propondo, somente uma vez realizar este aniversário com 64 equipes, em três continentes simultaneamente — disse Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol.
A sugestão da Conmebol chega em um momento crucial, com as discussões sobre o formato do Mundial de 2026, que já contará com 48 seleções, ainda em andamento.
A proposta de elevar ainda mais o número de participantes para 64 reacende o debate sobre o equilíbrio competitivo, a logística de um torneio tão extenso e o impacto no calendário internacional.
Concacaf (América Central e do Norte) e AFC (Ásia) já se posicionaram contra a ideia.
— Se a questão continuar sujeita a alterações, não só haverá um aumento para 64 equipes, como também alguém poderá solicitar um aumento para 132. Onde acabaríamos? Seria um caos — explicou o xeque Salman, presidente da AFC.
— Não acredito que expandir a Copa do Mundo seja o movimento correto para o ecossistema mais amplo do futebol, desde as seleções até as competições de clubes, ligas e jogadores — destacou Victor Montagliani, presidente da Concacaf.
Como seria o sistema de disputa com 64 seleções?
Caso a proposta da Conmebol seja aceita pela Fifa, o sistema de disputa da Copa do Mundo passaria por uma reformulação significativa. Com 64 seleções, o formato mais provável seria a divisão em 16 grupos de quatro equipes cada.
Nesse cenário, a primeira fase do torneio seguiria o modelo tradicional de pontos corridos dentro de cada grupo. Cada seleção disputaria três partidas, enfrentando os outros três integrantes de sua chave. Ao final das três rodadas, as duas melhores seleções de cada grupo avançariam para a fase eliminatória.
Isso resultaria em um mata-mata com 32 seleções. Assim, o mata-mata contaria com uma fase a mais. Começando pelas 16 avos de final. A partir daí, o torneio seguiria o formato já conhecido, com oitavas de final, quartas de final, semifinais, disputa do terceiro lugar e a grande final.
Para a ganhar a Copa do Mundo, uma seleção disputaria oito partidas. O mesmo valeria para a vice e as duas eliminadas nas semifinais, que disputam o terceiro lugar na sequência.
Prós e contras da proposta
A proposta apresenta benefícios, como a maior inclusão de seleções de diferentes continentes, proporcionando a oportunidade para que mais países vivenciem a atmosfera de uma Copa do Mundo.
Além disso, um número maior de jogos poderia gerar maior receita para a Fifa e para as federações participantes.
No entanto, a ideia também levanta questionamentos importantes. Um dos principais pontos de debate seria o nível técnico das partidas da fase de grupos, com a possível presença de seleções com menor tradição e investimento no futebol.
A logística de um torneio com 64 seleções também seria um desafio considerável, exigindo uma infraestrutura robusta em termos de estádios, centros de treinamento e deslocamento das delegações e torcedores.
Na última rodada da fase de grupos, quando partidas ocorrem simultaneamente, seriam necessários 16 estádios. Outro ponto a ser considerado é o impacto no calendário internacional de clubes e jogadores. Um Mundial mais longo, com um número maior de partidas, inevitavelmente demandaria mais tempo dos atletas, podendo gerar conflitos com as ligas nacionais e competições continentais.
Em 2030, a Copa do Mundo terá três partidas da primeira rodada do Uruguai, Paraguai e Argentina. Os demais jogos serão em Portugal, Espanha e Marrocos.