
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou no final da manhã desta quinta-feira (10) que todas as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano já foram impressas. Segundo ele, não há perigo de que o exame não seja realizado normalmente nos dias 3 e 10 de novembro.
A dúvida foi levantada porque a gráfica responsável, a RR Donneley, anunciou falência em março. No mês seguinte, o MEC contratou para executar o serviço a gráfica Valid, segunda colocada na licitação.
Em encontro com jornalistas, Weintraub afirmou que já foi iniciada a logística para entrega dos 10,3 milhões de cadernos, a cargo dos Correios.
— Hoje acho que só tem notícia boa, não tem notícia ruim. A noticia boa é que todas as provas estão impressas e estão a caminho. Alguém falou que não ia ter, por causa da gráfica. A dúvida levantada lá atrás está totalmente dirimida. Está tudo impresso. Agora é distribuir e acompanhar. Agora tem de acontecer outra coisa para não sair o Enem. Tem de cair um meteoro — disse o ministro.
Weintraub e o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Alexandre Ribeiro Lopes, também abordaram a elaboração do exame. Garantiram que foi adotada a mesma sistemática dos anos anteriores, mas com a orientação de que as perguntas evitem "questões ideológicas".
— É critério científico. A gente pediu para que houvesse foco em questões não ideológicas, que mensurassem o conhecimento dos jovens. A gente quer que o ensino avance, não que fique criando polêmicas — defendeu Weintraub.
No ano passado, na condição de presidente eleito, Jair Bolsonaro atacou o conteúdo do Enem e chegou a dizer que, em seu governo, tomaria conhecimento da prova antes de sua realização. Em julho deste ano, porém, Weintraub afirmou que o presidente "não leu e não lerá" o conteúdo do exame. Não houve menção, durante a coletiva desta quinta-feira, sobre se haverá ou não uma análise prévia da prova por Bolsonaro.
Lopes aproveitou a entrevista desta quinta-feira para alertar os candidatos sobre uma mudança em relação à presença de aparelhos eletrônicos. Celulares e tablets deverão ficar desligados. Se tocarem durante a realização do exame, lembrou o presidente do Inep, o candidato será eliminado.
O Enem deste ano, segundo o ministro, será o último realizado apenas com provas impressas. A partir de 2020, o governo começa a implementar um sistema de provas online, com a ideia de universalizá-lo nos anos seguintes, com várias aplicações ao longo de um mesmo ano.
— Este Enem fecha uma grande era, está morrendo. Começa o fim do Enem tradicional. Ano que vem começa o Enem digital. A partir daí, é contagem regressiva para a gente não ter mais essa operação de guerra, com papel.
Em 2019, serão 10.133 locais de prova, em 1.727 municípios, com 400 mil envolvidos no trabalho de aplicação do exame. Pagaram a inscrição 2,11 milhões de candidatos, dos mais de 5 milhões de participantes, com uma arrecadação de R$ 179 milhões. O custo do Enem, no entanto, é de R$ 520 milhões.
Ao fim da entrevista, o ministro insistiu para que os jornalistas valorizassem a informação que anunciara:
— Tem de parar de bater, gente. A gente só está trazendo notícia boa. Ajuda aí. Estou simpático, sorridente. Pediria gentilmente para darem ênfase que não há mais risco com relação à questão da gráfica.