Concebido para ajudar empresários gaúchos a recuperarem seus negócios, o programa Estímulo Retomada RS já concedeu R$ 7,9 milhões em empréstimos. O fundo foi criado em outubro com R$ 39,1 milhões disponíveis para micro e pequenas empresas afetadas pelo desastre climático de maio.
Sócio de uma microcervejaria em Porto Alegre, Rodolfo Azambuja teve a empresa inundada no bairro Anchieta. A água alcançou 2m20cm, barris implodiram dentro da câmara fria e, dos nove tanques, apenas três ficaram em pé.
Além dos danos ao maquinário, houve perda de estoque, insumos e a necessidade de reparar grande parte das instalações elétricas e dos dispositivos eletrônicos. Azambuja fez um financiamento de R$ 140 mil em linhas de crédito do governo federal, mas faltavam recursos para repor um ativo fundamental na composição da receita de final de ano.
— Nós perdemos várias chopeiras. Algumas conseguimos arrumar, outras não. Pegamos R$ 36 mil no fundo Retomada RS e adquirimos 10 chopeiras novas, o que nos permite manter uma fonte de faturamento importante nessa época do ano, com festas particulares e confraternizações nas empresas — conta Azambuja.
Com faturamento mensal entre R$ 80 ml e R$ 100 mil, a DNA Beer tem três funcionários. Graças aos empréstimos, a empresa não precisou demitir ninguém. De acordo com Azambuja, as 10 chopeiras adquiridas com os recursos do Retomada RS vão garantir entre R$ 36 mil e R$ 40 mil de receita, valor suficiente para quitar o financiamento.
Mais facilidade de acesso
O Retomada RS é um braço do Estímulo, fundo criado em 2020 em São Paulo para socorrer micro e pequenas empresas afetadas pela pandemia. O processo de contratação é todo digital e, na maioria dos casos, o dinheiro fica disponível em até cinco dias.
Cada empresa pode requisitar entre R$ 10 mil e R$ 200 mil, pagando juros de 0,99% a 1,49% ao mês. Há uma carência de 30 dias. Nos primeiros seis meses, a empresa paga apenas os juros da dívida, quitando as parcelas cheias nos 30 meses seguintes.
— Essas condições foram essenciais para a gente pegar o empréstimo. A taxa de juros é mais baixa do que nos bancos, e nós já estávamos bastante endividados para uma operação bancária tradicional. A facilidade de contratação também nos ajudou — conta o sócio da DNA Beer.
Até agora, o valor médio dos financiamentos do Retomada RS é de R$ 71 mil por empresa. São 111 contratos já firmados, espalhados por 36 municípios, a maior parte na metade norte do Estado. De acordo com o CEO da Estímulo, Vinícius Poit, o foco é ajudar empresas com faturamento entre R$ 10 mil e R$ 400 mil.
— É o empreendedor que já não é mais pequeno, mas ainda não é grande. Essas empresas geraram 71% dos novos empregos criados ano passado no Brasil. Nosso objetivo é impulsionar o crescimento de quem gera emprego — afirma Poit.
O principal atrativo do Retomada RS é a condição de contratação. Diferentemente dos empréstimos bancários, não há exigência de apresentação de garantias. Tão logo o cadastro é feito pelo portal (acesse neste link), os gestores do fundo fazem uma análise da documentação e do histórico de crédito dos interessados. Embora o total disponível seja R$ 39,1 milhões, já foram solicitados R$ 543 milhões, valor 13 vezes superior à totalidade dos recursos.