O debate sobre a limitação à liberdade de imprensa, a censura e o cenário atual das redes sociais foi uma das conferências mais prestigiadas pelo público do Fórum da Liberdade, nesta sexta-feira (5). O evento está em seu segundo dia e será encerrado nesta noite.
O painel que versou sobre liberdade de expressão reuniu o jornalista Marcelo Rech, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e colunista de Zero Hora, o deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS), o diplomata Gustavo Maultasch e a jornalista Mônica Salgado.
Primeiro a fazer sua exposição, Rech demarcou a diferença entre a atividade da imprensa e as outras mídias e ressaltou que "ativismo é diferente de jornalismo".
— A liberdade de imprensa não é para a imprensa. É o direito da sociedade de tomar conhecimento de fatos e opiniões.
O presidente da ANJ lembrou que o Brasil ocupa a posição 92 no ranking que mede a liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras e disse que os ataques a esse princípio são admitidos na política, no Judiciário e na opinião pública brasileira.
— Precisamos de um pacto global contra a desinformação e, no longo prazo, de educação para a mídia — frisou Rech.
Na sequência, Maultasch afirmou que argumentos como a defesa da democracia, da ciência e das instituições são utilizados para promover a censura no Brasil.
— Se alguém, com um argumento com viés de direita, critica vacinas, não pode. Mas se tiver estética progressistas e disser que homens e mulheres não têm diferenças biológicas, aí pode, porque é de esquerda — comparou.
Para o diplomata, o controle de liberdade em curso no país é dedicado a controlar o avanço das ideias de direita.
Em sua explanação, Mônica criticou o jornalismo profissional e a promoção da "cultura woke", mais conhecida no Brasil como a defesa de causas identitárias. Para ela, há uma espécie de perseguição a ideias de direita, sobretudo nas redes sociais e na publicidade.
— Expressar qualquer opinião contrária à linguagem neutra virou crime. Se questionar a lista de palavras supostamente racistas, como "denegrir" e "criado-mudo", você vira fascista. Ser de direita no Brasil é crime hediondo inafiançável — declarou.
Mais aplaudido da tarde, Van Hattem disse que o Brasil vive uma "democracia tutelada pelo Estado".
O deputado citou casos de perseguição a jornalistas na Venezuela, Nicarágua, Cuba e Rússia e comunicadores brasileiros que foram alvo de decisões judiciais por espalhar informações supostamente enganosas, como Rodrigo Constantino, Guilherme Fiúza, Allan dos Santos e o influenciador Bruno Aiub (Monark).
Van Hattem exibiu um vídeo no qual chama o presidente Lula de "ex-presidiário, ladrão e chefe de organização criminosa", provocando euforia a plateia.
— A primeira vítima da censura é a verdade. Ela serve para manter o status quo e evitar ideias divergentes. Querem calar a voz do povo que hoje está sedento para participar da democracia — discursou.
Ao final, os painelistas responderam perguntas sobre a "cultura do cancelamento" nas redes sociais e a atuação da sociedade na busca pela liberdade de expressão.
Organizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), o Fórum da Liberdade está na 37° edição neste ano, com o tema "Admirável Mundo Livre?". O evento ocorre no Centro de Eventos da PUCRS.