Após três meses seguidos no vermelho, o mercado de trabalho formal voltou a registrar dados positivos no Rio Grande do Sul. Em agosto, o Estado mais contratou do que demitiu, criando 2.561 postos com carteira assinada. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na tarde desta segunda-feira (2) pelo Ministério do Trabalho.
O saldo de agosto é o resultado entre 123.106 contratações e 120.545 demissões no período. Com a atualização, o Estado agora acumula 53.008 postos com carteira gerados em 2023. Mesmo no azul, tanto o dado do oitavo mês do ano, quanto o agregado mostram desaceleração ante 2022, ano marcado pela guinada da retomada do emprego após o período mais crítico da pandemia de covid-19.
Lisiane Fonseca da Silva, economista que atua na área do mercado de trabalho e professora da Universidade Feevale, afirma que alguns indicadores como queda no juro, inflação perdendo força e revisões para cima no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) incentivam o mercado de trabalho:
— Acredito que algumas variáveis econômicas também estão mostrando uma sinalização de uma perspectiva interessante no setor produtivo. Existe um cenário hoje que faz com que o mercado reaja de uma maneira mais positiva.
Entre os setores, serviços apresenta o maior salto com saldo positivo de 5.168 vagas. Na sequência, figuram comércio (+957), construção (+651) e agropecuária (+411). Indústria é o único setor com resultado negativo, fechando 4.626 vagas no mês.
A professora da Feevale afirma que o setor de Serviços responde mais rápido aos estímulos ao mercado, o que ajuda a explicar a dianteira ante os demais ramos da economia. Para os próximos meses, Lisiane estima cenário favorável diante da movimentação causada pelo período de festas nas contratações.
Alguns destaques entre os setores no RS
Nos serviços, os segmentos de informação, comunicação e atividades financeiras e administrativas são os destaques na geração de vagas. Na sequência, aparecem ramos de administração pública e de alojamento e alimentação, mas com movimentos mais tímidos.
No vermelho, a fabricação de produtos de fumo teve a maior participação dentro da queda da indústria de transformação no mês de agosto, fechando 4.040 postos. O resultado é sazonal e ocorre diante da desmobilização da safra de fumo no Vale do Rio Pardo, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz do Sul e Região (Stifa), Gualter Baptista Júnior.
Serviços e comércio puxam resultado nacional
No Brasil, foram abertas 220.844 vagas de emprego com carteira assinada em agosto. O país acumula no ano um total de 1.388.062 postos. No acumulado dos oito primeiros meses de 2023, o saldo do Caged já é positivo em 1.388.062 milhão de vagas. No mesmo período do ano passado, houve criação líquida de 1.901.482 postos formais.
A abertura líquida de 220.844 vagas de trabalho foi puxada pelo desempenho do setor de serviços, com a criação de 114.439 postos formais, seguido pelo comércio, que abriu 41.843 vagas.
O Caged
A ferramenta do Ministério do Trabalho e Emprego concentra dados sobre admissões e demissões e demais informações sobre o mercado de trabalho formal, informadas por empresas que contratam trabalhadores por meio do regime CLT. O Caged reúne apenas dados do trabalho formal e as informações são atualizadas mensalmente. Isso pode provocar ajustes nos montantes divulgados em meses anteriores e, consequentemente, nos acumulados de cada período.