O setor produtivo está sugerindo ao governo do Estado uma série de medidas de socorro ao impacto econômico provocado pela enxurrada que devastou cidades gaúchas na semana passada. Em documento enviado hoje ao secretário do Desenvolvimento Econômico do RS, Ernani Polo, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) pede a criação de um programa emergencial de recuperação econômica.
O documento cita três ações principais:
- Articulação com o Badesul, BRDE, Banrisul, Caixa e Banco do Brasil, junto com o BNDES, visando o estabelecimento de um fundo de linhas de financiamento para que as indústrias e empresas de todas as atividades possam investir no mais rápido retorno às atividades econômicas preservando os empregos locais;
- Criação de linha especial de crédito para o pagamento de salários e proposta ao Governo Federal de suspensão do recolhimento de encargos trabalhistas;
- Suspensão do pagamento do ICMS e disponibilização de parcelamento para a quitação do imposto.
Gilberto Petry, presidente da Fiergs, diz que as medidas têm o intuito de acelerar a retomada da economia local:
— É uma proposta com base em três eixos no sentido de que os seis bancos citados estabeleçam linhas de financiamento para que essas indústrias e empresas possam retomar o mais rapidamente as suas atividades, preservando os empregos.
À frente das tratativas, Ernani Polo diz que as propostas encaminhadas estão em linha com as medidas que já vem sendo discutidas pelo governo estadual em reuniões desde a semana passada. O governo gaúcho já anunciou R$ 1 bilhão em linha de financiamento do Banrisul e R$ 20 milhões para saúde em áreas atingidas pela enchente.
Nesta segunda-feira (11), o grupo de trabalho voltou à mesa, reunindo também as associações comerciais da região atingida. Os encontros servem para desenhar um plano emergencial destinado às empresas afetadas. O programa, segundo Polo, deve contemplar negócios de pequeno e grande porte, de todos os setores econômicos.
— São pedidos que vêm ao encontro do que o Estado está encaminhando. Na sexta-feira, o BDRE anunciou a suspensão por um ano das cobranças dos financiamentos que já haviam sido fechadas. São 2,4 mil operações na região. Badesul e Banrisul devem caminhar na mesma direção — diz Polo.
Outras medidas estão sendo deliberadas, entre elas a suspensão do pagamento do ICMS. Conforme o secretário, o assunto está sendo tratado na secretaria da Fazenda. Outro ponto é a criação das linhas especiais de crédito, tema que já foi levado ao presidente do BNDES, Alexandre Abreu.
Neste âmbito, um dos pontos de atenção deve ser o setor de proteína animal, principalmente pela quantidade de empregos que o ramo gera. Uma das propostas é que se crie uma linha de financiamento direta do segmento com o BNDES. Pelo menos três plantas industriais de abate e processamento e um curtume foram drasticamente afetados pela chuva abundante.
— Crédito é ponto vital. Precisamos de recurso para aquisição de máquinas que foram totalmente perdidas. E as condições têm de ser especiais porque as empresas estão com o seu patrimônio comprometido — diz Polo.
Conforme o secretário, ainda não foi possível mensurar o tamanho do dano econômico, dada a dimensão do efeito da enxurrada e do rastro de destruição que ficou nas cidades atingidas.
Outras questões de âmbito nacional, como o pagamento de salários e de encargos trabalhistas, vêm sendo discutidos com Brasília. Umas alternativas apontadas é a de se liberar mecanismo semelhante ao que foi feito na pandemia, com pagamento de auxílio emergencial. A medida daria fôlego até as empresas voltarem a funcionar, enquanto os funcionários teriam algum amparo garantido.