O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (18) que a primeira emissão de títulos de dívida externa com critérios sustentáveis do governo brasileiro — os chamados green bonds no jargão do mercado — é só o começo de uma nova fonte de atração de recursos para a agenda verde do país. A operação acaba de ser apresentada a investidores internacionais, de Estados Unidos e Europa, e é esperada para os próximos meses.
— A receptividade é a melhor possível, sobretudo porque esse recurso fica carimbado para financiar projetos sustentáveis com taxas de captação mais convidativas do que nós temos hoje — disse Haddad a jornalistas, ao chegar para evento da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse).
Nas últimas semanas, a Fazenda realizou 36 reuniões sobre os green bonds, que foram apresentados a cerca de 60 investidores, segundo o ministro.
Haddad não quis precisar nem volume nem quando a emissão de green bonds do Brasil deve ser levada ao mercado.
A expectativa é de que a operação seja de ao menos US$ 2 bilhões. Segundo ele, feita a primeira rodada de conversas com investidores internacionais, chamada de roadshow, a Fazenda entra em uma espécie de "período de silêncio", e o martelo quanto aos próximos passos está nas mãos do Tesouro Nacional.
— Do ponto de vista do Plano Comunitário, esse recurso é um recurso inicial muito pequeno. O Brasil tem condição de captar muitos recursos no Exterior. Por quê? Porque ele tem a melhor matriz energética do mundo, uma das mais ricas do mundo, e mais importante, ele tem condição de dobrar a produção de energia limpa em um prazo inferior a 10 anos — explicou Haddad.
O ministro mencionou ainda que a emissão de dívida externa sustentável do Brasil vai ajudar o país a baixar ainda mais o seu custo de captação de recursos, o que já vem ocorrendo. Na sua visão, esse financiamento vai permitir que esse processo seja acelerado.
— E nós precisamos, o Brasil tem toda a condição de contribuir com a transformação da economia no sentido da descarbonização — afirmou.
Ao seu lado, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que ao menos R$ 10 bilhões da primeira emissão de green bonds do Brasil devem ser destinados ao Fundo Clima, que antes funcionava com um valor em torno de R$ 400 milhões.
— O Ministério da Fazenda, através do ministro Fernando Haddad, está fazendo uma articulação para que os títulos de governo sustentável possam chegar a uma captação de até R$ 10 bilhões e isso vai para a economia verde, vai para as atividades voltadas para o desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida das pessoas, gerando emprego e renda — acrescentou a ministra.
Sobre o apetite do investidor estrangeiro, Marina destacou que já há uma "grande expectativa" pelos títulos em meio à mudança da imagem do Brasil no Exterior no que tange à pauta ambiental.
— A imagem muda quando mudam as atitudes. As atitudes mudaram, obviamente que a imagem muda. Nós, nesses 8 meses, reduzimos o desmatamento em 48% — comentou.