Parece não haver troca no comando da comunicação que resolva os problemas do governo Lula nessa área. Nesta quarta-feira (22), houve um erro atrás do outro, em carreirinha. Primeiro, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que estão em preparativos medidas de "intervenções" para baixar preços. Hein?
"Intervenções" de governos em preços têm péssimo retrospecto no Brasil. Sem contar que são artificiais e não se sustentam no tempo. O mais complexo é que a declaração foi feita em meio a um discurso de Costa sobre a necessidade de acertar a comunicação e fazer "a verdade ter de vir antes da mentira".
Em seguida, na tentativa de garantir que não houvesse má interpretação, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que não haverá "intervenção" artificial, "apenas" a adoção de medidas que permitam baixar preços reduzindo custos. E que medidas seriam? Alterar a regra de prazo de validade de alimentos. Está feito o angu de caroço.
A coluna não está afirmando que a medida não é defensável. Conforme as informações do Ministério da Agricultura, estaria sendo costurada com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que projeta bilhões em economia com essa iniciativa. E levante a primeira fake news quem nunca comprou algo às vésperas da expiração da data de validade.
A proposta seria a seguinte: em vez de uma data de validade definitiva, alguns produtos teriam uma tarja já usada de forma ampla no Exterior: "melhor consumir antes de" – o famoso "best before" que aparece em outros países ou até em importados. E não valeria para mercadorias mais sensíveis, apenas para grãos, biscoitos e outros produtos com possibilidade de uma vida útil mais longa sem risco de estragar.
Mas e agora? Pelo uso errado de uma palavra por um ministro, outro teve de sair correndo para consertar. E expôs uma medida que pode ter boas intenções e produzir bons resultados, mas já está exposta à máquina de manipulação da torcida contrária. Vai ser preciso, desta vez, explicar muito bem.