O sinal verde para a construção de uma usina de etanol no município de Santiago, no centro do RS, com a entrega das licenças pelo governo do Estado na semana passada, alimenta as expectativas pelo impulso que o empreendimento trará à região. Utilizando culturas de inverno como base, a indústria da C.B Bioenergia terá capacidade inicial de produzir 10 milhões de litros de etanol por ano, além de gerar empregos e atrair outros negócios. Será a primeira usina deste tipo de geração no Estado.
O investimento total para a construção será de R$ 75 milhões, sendo que R$ 35 milhões serão incentivados por meio do Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem).
Nesta quarta-feira (22), foram iniciados os serviços de terraplenagem do terreno. Com a licença ambiental entregue, a expectativa é de que os trabalhos sigam até dezembro, para início das operações em janeiro de 2024.
A usina deverá ocupar área total de 15 hectares quando estiver totalmente instalada. Inicialmente, o espaço utilizado será de cinco hectares.
A previsão da prefeitura é de que cerca de 50 empregos diretos sejam gerados. Isso além de outras indústrias que devem se instalar na região para atender a usina, como as do setor de transporte.
— É um novo ciclo de desenvolvimento, com a tão sonhada industrialização da metade sudoeste do Estado. Vem a ser a primeira de outras usinas que vão surgir para trazer alternativas também para a nossa safra de inverno — celebra o prefeito de Santiago, Tiago Gorski.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, comenta que outros projetos de geração semelhante estão em estudo no Estado, e que a liberação da primeira licença para a C.B Bioenergia abre caminho para outras iniciativas de transição energética.
— O projeto tem total sincronia com uma agenda global de sustentabilidade e de transição energética para matrizes renováveis. Além disso, cria-se uma possibilidade importante para a economia com o uso das culturas de inverno para essa finalidade. Vai ser um estímulo para os produtores apostarem nessas culturas — avalia Polo.
Como vai funcionar
A usina da C.B Bioenergia será a primeira unidade no Rio Grande do Sul a produzir etanol a partir do processamento de cereais, tendo trigo, centeio e cevada como matérias-primas. Na região de Santiago, o trigo e o triticale estão entre as principais produções das chamadas culturas de inverno.
Numa primeira etapa do empreendimento, a capacidade de produção será de 10 milhões de litros de etanol hidratado ao ano e consumo de 26 mil toneladas anuais de matéria-prima. A capacidade de produção deverá ser ampliada em uma segunda fase do projeto, para então se produzir 50 milhões litros ao ano.
O empreendimento é visto como mais uma alternativa de comercialização da safra de inverno, que vem crescendo nos últimos anos no Rio Grande do Sul. A última safra do trigo foi recorde no Estado, com tendência de manter o ritmo de ampliação nos próximos ciclos. Também será opção para reduzir a dependência gaúcha pelo biocombustível de outros Estados.
Além do combustível, o projeto prevê ainda a produção de farelo destinado à ração animal.
— O mercado precisa desse tipo de empreendimento, não só da produção do etanol, mas também da ração animal, que vem praticamente toda do centro-oeste do país — acrescenta o prefeito de Santiago.
Ernani Polo comenta que o projeto tem potencial para fazer com que a indústria desse segmento no Estado ande no mesmo caminho trilhado por outras regiões brasileiras, como o próprio Centro-Oeste, que tem apostado nas indústrias de etanol a partir do milho.
— Além disso, vamos produzir um produto que vem importado de fora. É um ganha-ganha: bom para o Estado, para o produtor e para a sociedade — completa o secretário.