
Conquista do espaço: feito. Disrupção da indústria automobilística: feito. Assumir o controle do Twitter: feito. De empresário excêntrico a homem mais rico do mundo, Elon Musk gosta de sonhar alto e hoje em dia é onipresente.
Duas décadas depois de acumular seus primeiros milhões, o sul-africano se tornou no ano passado a pessoa mais rica do mundo, arrebatando o posto de Jeff Bezos, da Amazon, após a ascensão meteórica da Tesla, sua empresa de automóveis elétricos, fundada em 2003.
A última grande reviravolta do bilionário foi a aquisição do Twitter por US$ 44 bilhões, segundo o anúncio divulgado nesta segunda-feira (25). A aquisição será completada ao longo de 2022.
"A liberdade de expressão é a base de uma democracia que funciona, e o Twitter é a praça pública digital, onde os temas vitais para o futuro da humanidade são debatidos", declarou Musk no comunicado em que se anuncia a compra do Twitter.
Aos 50 anos, Musk inaugurou uma "gigafábrica" da Tesla, do tamanho de cem campos de futebol no Texas, nos Estados Unidos, onde a empresa tem agora sua sede. Ao mesmo tempo, sua empresa de transporte espacial SpaceX rompia outro limite como sócia de uma iniciativa para enviar a primeira missão totalmente privada à Estação Espacial Internacional.
Musk também é notícia em temas menos lisonjeiros: a Tesla enfrentou uma série de ações por discriminação e assédio contra trabalhadores negros, bem como de assédio sexual.
Paralelamente ao fluxo de notícias empresariais, a personalidade do bilionário flerta com a polêmica através de um estilo desenfreado no Twitter. Sua determinação em viver segundo suas próprias regras também na esfera privada mantém ocupada a imprensa de fofocas.
Confira as principais polêmicas

Reguladores americanos
Em agosto de 2018, Musk acabou entrando na mira dos reguladores da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) depois de ter tuitado que tiraria a Tesla da bolsa. "Estou considerando fechar o capital da Tesla a US$ 420 (por ação)", publicou.
O mercado reagiu ao comentário, que Musk nunca cumpriu. Um acordo dos reguladores americanos, que acusaram o empresário de enganar os investidores, resultou em sua demissão como presidente da Tesla e o pagamento de uma multa de US$ 20 milhões.
Twitter fora da bolsa de valores
A intenção do multiempresário é retirar a rede social da Wall Street. Depois do anúncio, as ações do Twitter subiram 11,34%, para US$ 51,05 em negociações eletrônicas.
Liberdade de expressão
O papel democrático que o Twitter deve exercer motivou Musk a comprar a plataforma. Segundo o empresário, a rede social tem um papel fundamental na liberdade de expressão em todo o mundo como "um imperativo social em uma democracia".
Filha escondida
Recentemente soube-se que Musk teve um segundo filho com sua companheira, a cantora Grimes: uma menina a quem chamaram Dark Sideræl Musk, embora os pais, que mantêm um relacionamento de rompimentos e reconciliações, vão chamá-la rotineiramente de Y.

Desafio a Putin
No Twitter, Musk desafiou recentemente o presidente russo, Vladimir Putin, a lutar, e o ganhador ficaria com a Ucrânia, país invadido pela Rússia. Além disso, ele comparou o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, a Adolf Hitler.
Síndrome de Asperger
Em maio de 2021, Musk revelou sofrer de síndrome de Asperger, um transtorno do espectro autista, durante um programa de TV norte-americano. Pessoas com a síndrome podem ter dificuldade em interpretar a linguagem verbal e não verbal e podem precisar de mais tempo para processar informações.
Trajetória
Nascido em Pretória em 28 de junho de 1971, filho de um engenheiro sul-africano e uma modelo canadense, Musk deixou a África do Sul ao final da adolescência para frequentar a Universidade de Queen, em Ontário, no Canadá.
Depois de dois anos, transferiu-se para a Universidade da Pensilvânia e se formou em física e negócios. Após se formar na prestigiosa universidade da Ivy League, abandonou os planos de continuar estudando na Universidade Stanford.
Fundou, então, a Zip2, uma empresa de software de edição online para meios de comunicação.
Antes de completar 30 anos, ganhou seus primeiros milhões quando vendeu a Zip2 para o fabricante americano de computadores Compaq por mais de US$ 300 milhões, em 1999.
A empresa seguinte de Musk, X.com, acabou fundindo-se com a PayPal, empresa de pagamentos online comprada pelo eBay, gigante dos leilões pela internet, por US$ 1,5 bilhão, em 2002.
Após deixar o PayPal, Musk se envolveu em uma série de empreendimentos cada vez mais ambiciosos.
Ele fundou a SpaceX em 2002, empresa da qual agora é diretor-executivo e de tecnologia, e se tornou presidente da fabricante de veículos elétricos Tesla em 2004.

Para Marte... E além?
Depois de algumas falhas e quase acidentes, a SpaceX aperfeiçoou a arte de fazer pousar foguetes em solo ou plataformas marítimas, tornando-os reutilizáveis. No fim do ano passado, enviou quatro turistas ao espaço, na primeira missão orbital sem astronautas profissionais a bordo.
A empresa de Musk, chamada de forma irônica de The Boring Company (a empresa enfadonha), está promovendo um sistema de transporte ferroviário ultrarrápido, o Hyperloop, que transportaria passageiros a velocidades quase supersônicas.
Para isso, a SpaceX está desenvolvendo um protótipo de foguete, o Starship, que prevê levar tripulantes e carga para a Lua, Marte e além. O bilionário diz ter "confiança" em que um teste orbital vá ocorrer ainda este ano.
Vida privada
Musk tem nacionalidade americana, canadense e sul-africana, casou-se e divorciou-se três vezes, uma com a escritora canadense Justine Wilson e duas com a atriz Talulah Riley. Ele tem sete filhos — o oitavo morreu ainda criança.
Sua fortuna é estimada em US$ 269 bilhões.