Atingida em cheio pelo coronavírus, a economia brasileira desabou no segundo trimestre. Entre abril e junho, o Produto Interno Bruto (PIB) teve tombo de 9,7% em relação aos três meses imediatamente anteriores. O resultado foi confirmado nesta terça-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A retração é a maior da série histórica do IBGE, com dados a partir de 1996. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, o tombo foi ainda mais intenso, de 11,4%. Também é a maior contração da série nesse tipo de recorte. Diante de tantos prejuízos, o PIB retorna ao nível do segundo semestre de 2009.
Mais do que isso, com a baixa, a economia entra em recessão técnica. Períodos recessivos são caracterizados por dois trimestres consecutivos de queda na atividade. Entre janeiro e março, o PIB havia recuado 2,5% frente aos três meses imediatamente anteriores.
A retração histórica era aguardada em razão das medidas de isolamento adotadas para conter a covid-19. Na visão de analistas, a queda tende a marcar o fundo do poço para a economia nacional. A questão é saber qual será a velocidade de retomada dos negócios.
Nos últimos meses, ações como o auxílio emergencial de R$ 600 têm servido para diminuir as perdas. Mas, diante das restrições nas contas públicas, o benefício será reduzido até o final do ano. Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o auxílio será prorrogado até dezembro, com quatro parcelas mensais, no valor de R$ 300 cada.
O PIB é conhecido como a soma dos bens e serviços produzidos por uma determinada região. Em valores correntes, o indicador brasileiro totalizou R$ 1,653 trilhão entre abril e junho.
Queda superior a 10% na indústria
No segundo trimestre, a indústria foi o setor com o maior declínio pelo lado da produção. Frente aos três meses iniciais de 2020, as fábricas amargaram tombo de 12,3%. A segunda maior contração, de 9,7%, foi registrada pelo segmento de serviços, considerado o motor da economia.
A agropecuária, por sua vez, colheu avanço em relação ao primeiro trimestre. A alta no campo foi de 0,4%.
Pelo lado da despesa, a pandemia derrubou os investimentos realizados por empresas para aumento da capacidade de operação. Esses aportes, medidos pelo indicador de formação bruta de capital fixo (FBCF), caíram 15,4% em relação ao primeiro trimestre.
O consumo das famílias também engatou a marcha a ré, com retração de 12,5%. Já o consumo do governo teve baixa de 8,8%.
O IBGE ainda informou que, no acumulado de 12 meses até junho, o PIB registrou baixa de 2,2%. O recuo acumulado no primeiro semestre de 2020 foi de 5,9%.