O economista Arminio Fraga disse, neste sábado (15), que o presidente do BNDES, Joaquim Levy, deveria pedir demissão antes de segunda-feira (17).
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que está "por aqui" com Levy e sua "cabeça está a prêmio há algum tempo".
"Levy deveria pedir demissão antes de ele ser demitido na segunda-feira", disse Fraga, que é economista, colunista da Folha de S.Paulo e ex-presidente do Banco Central.
O motivo da demissão, segundo Bolsonaro, seria porque Levy pretende indicar Marcos Pinto – assessor do BNDES no governo do PT – para o cargo de diretor de Mercado de Capitais do banco.
Para Fraga, a polarização e a radicalização do governo são um absurdo. "Me parece ser o oposto do que o país precisa neste momento. O país precisa acertar sua vida".
O economista ainda acredita que as declarações do presidente tenham uma motivação maior: "No caso dele em particular, que é outro profissional com grande experiência em assuntos públicos, pode ser encarado como algo da gestão do BNDES que não está alinhado com os objetivos da área econômica. Não sei se é o caso ou não. O que seria uma pena, mas é algo que acontece em governo".
Pinto e Fraga foram sócios por sete anos na Gávea Investimentos. "Marcos é um sujeito seríssimo, um profissional de mão cheia, um brasileiro com 'b' maiúsculo. Ele se arriscou a aceitar essa posição, que é bem compatível com o histórico dele profissional, com o currículo. Então isso tudo me parece um enorme absurdo", afirmou Fraga.
Além de atuar no setor público e privado, Marcos Pinto trabalhou no BNDES como assessor da diretoria por dois anos e como chefe de gabinete da presidência do banco até novembro de 2006. Foi também consultor do BID.
O advogado é formado pela Universidade de São Paulo (USP), mestre em Economia e Finanças pela FGV e doutor em direito também pela USP. Seu currículo conta ainda com um mestrado na Universidade de Yale e um trabalho de pesquisa para a Universidade de Columbia.