A percepção de que as consequências da prisão do ex-presidente Michel Temer tornam mais difícil a tramitação da Reforma da Previdência azedam o mercado financeiro na manhã desta sexta-feira no país. Por volta das 11h45, o índice Ibovespa registrava queda de 2%, abaixo dos 95 mil pontos. Pouco antes, chegou a uma retração de 2,5%. Enquanto isso, o dólar comercial era negociado a R$ 3,88, com alta de 2,2%.
A manhã de queda generalizada no mercado ações teve os papeis de bancos e Petrobras como principais vetores do movimento. A petroleira, Itaú, Bradesco e Branco do Brasil, com grande peso no índice Ibovespa, operavam com desvalorização de quase 3% no final da manhã. O mau humor também é alimentado pelo dia no vermelho nos mercados dos Estados Unidos e da Europa.
Além da detenção de Temer desviar o foco no Congresso, que deveria começar a tratar da reforma da Previdência, a crise política pode piorar a relação do parlamento com o Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que antes agia como espécie de fiador da proposta, estaria agora abandonando a articulação do projeto. Maia ficou especialmente irritado com um post em redes sociais do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, que o criticava.
A falta de uma base forte do governo Congresso, uma proposta bem mais branda para os militares do que para os demais trabalhadores e dúvidas sobre o próprio esforço do presidente Jair Bolsonaro para aprovar as mudanças alimentam ainda mais o temor de que as alterações no regime de aposentadorias, consideradas essenciais para o reequilíbrio fiscal do país, fique ameaçada.