
Guerra comercial, inteligência artificial, procura por computadores e o retorno dos funcionários ao escritório foram temas da entrevista do Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o presidente da Dell Technologies no Brasil, Diego Puerta. O executivo é gaúcho nascido em Alegrete. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Como a empresa encara a guerra comercial?
Tem muito ruído ainda com sobe e desce de tarifas. É cedo para tomar decisão. Estamos olhando com calma. Como temos uma estrutura resiliente pelo mundo, fábrica em vários países e uma logística acurada, conseguimos realocar produção com agilidade. Na covid, o mercado brasileiro ficou desatendido e nós suprimos essa necessidade rapidamente. É fundamental uma cadeia bem estabelecida não dependente de um país.
E o Brasil?
Nossa operação aqui atende apenas Brasil, mas poderá ter um papel maior na cadeia global ou mesmo dentro da América Latina. É um polo interessante.
Trump quer que as empresas levem a produção para os Estados Unidos. Há como fazer isso com competitividade?
Excelente pergunta. De fato, a Dell nasceu, cresceu e se desenvolveu a partir dos Estados Unidos. Se tornou uma empresa global, mas temos um polo de manufatura eficiente lá. Os servidores de inteligência artificial (IA) são feitos nos Estados Unidos. Não vejo nenhuma empresa fazendo todo o seu "supply chain" (cadeia de suprimentos) de lá, mas é um mercado enorme e exigente.
O que esperar da tecnologia?
A inteligência artificial não é algo novo, mas era acessível apenas a cientistas de dados e grandes corporações. Agora, chegou aos usuários na ponta, para coisas básicas do dia a dia, como fazer perguntas e criar um logo. E, neste ano, terá um ciclo importante. É o quinto ano da pandemia, quando haverá uma atualização dos computadores comprados lá no início. Além disso, para os usuários corporativos, termina a garantia do Windows 10, que deixará de ter "update" (atualização) de segurança. Quem não migrar para o 11 ficará exposto. Vão ter que trocar equipamentos.
Como tem sido o retorno dos funcionários ao escritório, definido agora pela Dell poucos anos após o CEO mundial, Michael Dell, ter dito que o trabalho remoto era irreversível?
Foi polêmico, teve algum barulho, mas uma decisão consciente que achamos ser a melhor alternativa para a companhia e para o desenvolvimento dos funcionários. O principal elemento da companhia é sua cultura. Como se propaga? Como objetivos são compartilhados? No convívio do dia a dia. Vimos essa dificuldade no trabalho remoto, principalmente com pessoas novas, pois contratamos muito na pandemia. Como entender uma cultura tão peculiar quanto a da Dell, que vende direto ao consumidor e tem manufatura sob demanda? Contratamos muita gente em início de jornada, estágio, que, para crescerem, precisam olhar quem sabe fazer e interagir. Não será em casa que vão se desenvolver. Mas continuamos com uma premissa: flexibilidade. Quem precisa fazer algo, a tem. Mas o local de trabalho é o escritório, que está maravilhoso e com uma energia incrível.
Qual foi a trajetória do Diego Puerto, gaúcho do Alegrete?
Saí faz tempo, aos 14 anos, para fazer o segundo grau em Porto Alegre. Queria ser médico, seguir os passos do meu pai, mas mudei na véspera do vestibular para o mundo dos negócios. Fui estudar fora, voltei e trabalhei em uma agência de desenvolvimento que depois se transformou na Polo RS, responsável pela interface da vinda da Dell. Depois da negociação, fui contratado pela empresa e estou lá desde então. Há cinco anos tenho a responsabilidade de ser o presidente da operação no Brasil.
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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