
A atuação social do papa Francisco ao olhar mais para os pobres trazia junto frequentes posicionamentos econômicos, inclusive na mensagem que escreveu para ser lida na última Via Sacra, tradicional rito da Sexta-feira Santa em Roma. Na véspera de sua morte, aos 88 anos, convidou as pessoas a questionarem os padrões, compreendendo o que chamou de "economia de Deus", que não mata, descarta ou esmaga. Pontuou que ela é muito diferente das economias atuais “de cálculos e algoritmos, de lógicas frias e interesses implacáveis”. É um discurso conectado ao contexto econômico de avanço tecnológico em um cenário de guerras armadas e comerciais, no Oriente e no Ocidente.
Sua defesa do meio ambiente aparece junto ao discurso econômico, não por coincidência, pois ambos têm uma ligação intrínseca. A mensagem de Francisco diz que a economia de Deus é fiel à terra, "não destrói, mas cultiva, repara, protege".
O papa foi crítico do neoliberalismo - "O mercado não resolve tudo", disse em 2020 -, morava em um apartamento austero e adotou o nome Francisco em homenagem ao santo protetor dos pobres, de quem entendia ser origem do catolicismo. Conseguiu implementar mudanças fortes na Igreja Católica? Não, mas plantou boas sementes, inclusive em quem não é católico.
Economia de Francisco
Jovens economistas chegaram a se reunir em uma fundação chamada A Economia de Francisco. O Vaticano diz que a ideia é "mudar o mundo não tornando-se ganhador do Prêmio Nobel ou ministros, mas introduzindo os valores e a força do bem". No ano passado, o pontífice pediu aos integrantes que mudassem o contexto econômico no mundo "ferido por guerras", onde “a democracia é ameaçada” e “o populismo e a desigualdade crescem”.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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