O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comentou nesta sexta-feira (12) a decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), que rebaixou a nota do Brasil para três níveis abaixo do grau de investimento com perspectiva estável –concedido a países que são considerados bons pagadores. O ministro disse que se trata de uma decisão técnica, já era esperada, e que isso não deve ser “transformado em um evento político”.
A declaração ocorreu após o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), manifestar descontentamento com uma nota, divulgada pela Fazenda, em que a responsabilidade sobre o rebaixamento foi compartilhada com o Congresso, pela demora na aprovação da reforma da Previdência.
— Nós não devemos dar ao movimento técnico da agência um peso excessivo, transformando isso em um evento político para o país. Não acredito que isso afete a perspectiva política do Brasil, as eleições e os candidatos — disse Meirelles, que avalia concorrer à presidência da República em outubro.
O ministro garantiu que Executivo e Legislativo estão trabalhando no mesmo caminho, e afirmou que a responsabilização do Parlamento veio da própria S&P.
— A agência faz o trabalho dela e nós fazemos o nosso. Nós temos nossa agenda e, na medida que isso vai funcionando, as agências vão reconhecendo. Então, eu não discuto a opinião da agência, todos estamos trabalhando na mesma direção (Executivo e Legislativo) – argumentou.
Para o ministro, “não há surpresa no assunto”, pois o rebaixamento já era aguardado diante da indefinição em torno da reforma da Previdência. Contudo, Meirelles ressaltou que, apesar disso, a perspectiva de estabilidade pela agência é positiva.
— Caiu, mas agora passou a ser estável. Existe previsão de estabilidade por um período, definindo quais seriam as condições de melhora: continuação do crescimento econômico, inflação sob controle e aprovação da reforma fundamental, que é a da Previdência — argumentou.
O ministro também citou a expectativa de aprovação pelo Congresso de outras medidas de ajuste fiscal, como a reoneração da folha de pagamento, mudança de tributação de fundos exclusivos e o adiamento do reajuste salarial de servidores públicos – em julgamento no Judiciário. Meirelles afirmou ainda que a melhoria na nota do Brasil pela S&P é uma “questão de tempo”.