Na abertura de capital da Lupatech, muita gente ganhou dinheiro em pouco tempo. Era 2006, e o total obtido em sua primeira venda de ações, R$ 435 milhões em valores da época (mais de R$ 700 milhões hoje) surpreendeu muita gente. Mais ainda quando, em cerca de um ano e meio, os papéis se valorizaram em quase 200%.
Deveria ser uma empresa gaúcha que havia ousado capturar um naco do amplo mercado aberto com a descoberta do pré-sal. Fazia uma aposta incomum, pouco frequente no conservador ambiente de negócios do Estado. O pedido de recuperação da empresa, ontem, marca o naufrágio de um projeto alentado durante anos e marcado, guardadas as proporções, por uma ambição semelhante à do império X de Eike Batista. Isso antes que Eike virasse celebridade dos negócios.
A primeira compra do conglomerado demorou 16 anos para ser fechada. Depois, seguiram-se outras 16 aquisições, em uma velocidade que, entre 2007 e 2009, chegou a quatro negócios realizados ao ano. Uma das empresas arrematadas era a tradicional Cordoaria São Leopoldo, que fazia cabos para ancoragem de plataformas.
O declínio da Lupatech começou com a crise global de 2008/2009. Desde então, a empresa lutava para sobreviver. Quando ainda tentava emergir, veio a onda da Lava-Jato e seus efeitos desestabilizadores em todo o segmento de óleo e gás. A tentativa de dar uma sobrevida à antecessora dos polos navais pode ser malsucedida, mas a trajetória da empresa é um alerta. O maior risco é o de que ousadia vire sinônimo de fracasso. Não é nem deve ser. E a maior ameaça é de que a recuperação judicial represente o fim de uma era.