
Após anunciar que não havia a necessidade da ampliação de 920 metros na pista do Aeroporto Salgado Filho, o ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, emitiu uma nota nesta quinta-feira reconsiderando sua posição.
No documento, ele defende que um incidente registrado com uma aeronave da Azul, no dia 19 de janeiro, demonstra a necessidade de maior espaço no aeroporto. Caberá ao Conselho de Administração da Infraero analisar o pedido do ministro.
"Cientificado do incidente com a aeronave da Azul, a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República encaminhou, imediatamente, à Infraero um ofício solicitando que seu Conselho de Administração avaliasse a conveniência e oportunidade de ser dado andamento ao projeto de ampliação da pista do Salgado Filho, levando em conta não a alegada, mas incomprovada, demanda de carga, até então fator determinante, mas sim e especialmente a indispensável segurança de voo", argumentou Padilha.
O avião da Azul teve um problema técnico e pousou emergencialmente na Base Aérea de Canoas - com 471 metros a mais de pista - na manhã do dia 19. O voo 4111 saiu do aeroporto de Confins (MG) às 6h57min para o Salgado Filho, quando teve de desviar. Especialistas ouvidos por Zero Hora afirmaram que se a pista fosse maior, o susto teria sido evitado.
"Solicitamos que seja avaliada a oportunidade e conveniência de ser dado andamento ao referido projeto, tendo em conta não somente a previsão de aumento da demanda do volume de cargas a ser transportado, mas também a segurança das operações, a fim de que, também, sejam evitados eventos da natureza do noticiado", escreveu Padilha ao presidente da Infraero, José Irenaldo Leite de Ataíde.
O documento também detalha as obras da primeira fase do Plano Diretor de expansão do Salgado Filho. O Terminal de Passageiros 1 passará de 41,5 mil m² para 60,3 mil m² até janeiro de 2017; o Pátio de Aeronave e Pistas de Táxi deve estar maior em março desse ano; um novo Terminal de Cargas, com área de 18 mil m², tem conclusão prevista para setembro de 2016, e o edifício garagem e um hotel de 200 apartamentos, ambos em parceria com o setor privado, devem ser finalizados até abril de 2016.
Prefeitura diz que obra pode começar amanhã
Uma das exigências da Infraero, segundo Padilha, para que a ampliação da pista saia do papel é que ela tenha a "plena e efetiva posse da União de toda a área do sítio aeroportuário". Nesse ponto entra uma polêmica, já que cerca de 1,8 mil famílias precisam ser removidas das vilas Dique e Nazaré, que ficam ao lado do Salgado Filho, para que a nova pista opere completamente.
O prefeito em exercício da Capital, Sebastião Melo, garante que todas as famílias serão retiradas até março de 2016, aos poucos. Ele ressalta que as obras poderiam ser tocadas mesmo assim, a partir de amanhã, mesma posição do prefeito José Fortunati, e que a presença dos moradores não é entrave.
- A área da pista já está cercada desde 2011 e à disposição da Infraero. Posso afirmar que tudo aquilo pactuado com a prefeitura será feito. Não haverá nenhum descumprimento de cláusula. Faremos a nossa parte porque o aeroporto é indispensável para a vida da cidade - salientou Melo.
No documento assinado por Padilha, não é feita nenhuma menção ao projeto de construção de um aeroporto de quatro pistas em Portão, que seria chamado 20 de Setembro. Zero Hora entrou em contato com a assessoria do ministro, mas não obteve retorno.