
O anúncio do ministro da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, Eliseu Padilha, de que a pista do Salgado Filho precisa ser ampliada em 920 metros é uma "vitória da cidade", segundo o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (leia entrevista abaixo). De férias, ele falou com Zero Hora e deixou claro que a presença de 1,8 mil famílias no entorno do aeroporto não é um problema para a expansão da pista.
Conforme ele, as obras "poderiam começar amanhã". Fortunati explicou que um muro foi construído no local que deve ser ampliado e que as famílias serão levadas para loteamentos do programa Minha Casa, Minha Vida até março de 2016. O entrave só existiria na operação da nova pista, mas até lá, assegura o prefeito, não haverá mais ninguém nas vilas Dique e Nazaré.
A solicitação de Padilha foi encaminhada para o Conselho de Administração da Infraero, ainda sem data para apreciá-lo. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida por Fortunati a Zero Hora sobre a decisão do ministro:
O que significa esse anúncio de Padilha?
É uma bela vitória da cidade. Recebo a notícia com muita alegria e satisfação, porque isso atende aos anseios não somente de Porto Alegre, mas do povo gaúcho. Precisamos de mais segurança aérea e desenvolvimento do Estado.
As famílias das vilas Dique e Nazaré são um bloqueio para a obra?
Não, as obras poderiam começar amanhã. A parte relativa à ampliação da pista está sem nenhuma família. Retiramos elas e construímos um pequeno muro de cimento ao longo de otda a extensão de onde a obra será necessária. Se a pista ficasse pronta para 2016, eu garanto que não terá nenhuma família lá. A presença das pessoas prejudica a operação, não a obra. Mas como já estamos construindo os loteamentos para levar o pessoal das vilas Dique e Nazaré para conjuntos habitacionais do Minha Casa, MInha Vida, até o ano que vem todas estarão transferidas.
O senhor acha que o Conselho de Administração da Infraero vai vetar a obra?
A gente nunca sabe o que eles decidem. Ainda não tem data marcada para a reunião (que vai apreciar o pedido do ministro), mas eu vou buscar todos os aspectos técnicos que ao longo do tempo levantamentos para defender a ampliação da pista e vou encaminhar formalmente para o conselho, para que não exista dúvida.
Por que foi preciso ocorrer quase uma tragédia para que o ministro mudasse de opinião?
As coisas são sempre difíceis para nós. Infelizmente, temos de lutar muito por coisas que parecem óbvias. A nossa história é de trabalho até o último minuto. Enfrentamos todos os obstáculos. Vou ligar para ele (Padilha) agradecendo.
Pouso forçado de avião da Azul motivou mudança
Em documento encaminhado à presidência da Infraero, Eliseu Padilha defende que um incidente registrado com uma aeronave da Azul, no dia 19 de janeiro, demonstra a necessidade de maior espaço no aeroporto.
"Cientificado do incidente com a aeronave da Azul, a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República encaminhou, imediatamente, à Infraero um ofício solicitando que seu Conselho de Administração avaliasse a conveniência e oportunidade de ser dado andamento ao projeto de ampliação da pista do Salgado Filho, levando em conta não a alegada, mas incomprovada, demanda de carga, até então fator determinante, mas sim e especialmente a indispensável segurança de voo", argumentou Padilha.
O avião da Azul teve um problema técnico e pousou emergencialmente na Base Aérea de Canoas - com 471 metros a mais de pista - na manhã do dia 19. O voo 4111 saiu do aeroporto de Confins (MG) às 6h57min para o Salgado Filho, quando teve de desviar. Especialistas ouvidos por Zero Hora afirmaram que se a pista fosse maior, o susto teria sido evitado.
"Solicitamos que seja avaliada a oportunidade e conveniência de ser dado andamento ao referido projeto, tendo em conta não somente a previsão de aumento da demanda do volume de cargas a ser transportado, mas também a segurança das operações, a fim de que, também, sejam evitados eventos da natureza do noticiado", escreveu Padilha ao presidente da Infraero, José Irenaldo Leite de Ataíde.