Embora as taxas ao consumidor registrem alta há sete meses consecutivos e a Selic esteja hoje em um patamar superior ao de abril de 2012, quando a presidente Dilma Rousseff deflagrou uma guerra aos juros, é muito baixo o risco de o consumidor voltar a pagar pelos empréstimos custos semelhantes aos praticados antes da ofensiva do governo. O que segura uma elevação maior, explica o diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, é a competição entre os bancos, puxada principalmente pelas instituições oficiais.
Uma reversão de expectativas aconteceria se a crise cambial que afeta os emergentes se agravasse e o Banco Central (BC) recorresse a uma elevação mais forte da taxa básica para frear a fuga de dólares. Nos últimos dois dias, Turquia, África do Sul e Índia anunciaram alta dos juros. A pressão no câmbio dos emergentes também aumenta com a confirmação dos EUA da retirada de US$ 10 bilhões do programa de estímulos.
- Mas por enquanto este não é o cenário. Os bancos estão agora apenas repassando a alta da Selic. E a cada 1 ponto percentual que sobe a Selic, o impacto no juro ao consumidor é de 0,08 ponto percentual - explica Oliveira, lembrando que a inadimplência em queda é outro fator que segura as taxas ao consumidor.
Em abril de 2012, o juro básico da economia estava em 9% ao ano. Agora, em 10,5%. Apesar de a Anefac não esperar que os juros alcancem os níveis anteriores, a tendência é que continuem subindo para o consumidor.