
A preocupação com movimentos que tentam controlar a imprensa no Brasil e na América Latina deu tom aos debates na noite de ontem no Fórum da Liberdade. João Roberto Marinho, presidente do conselho editorial e vice-presidente das Organizações Globo, que recebeu o prêmio Libertas - Empresário de Comunicação, disse:
- Existem minorias tentando desestabilizar a liberdade de imprensa, com o discurso de buscar regulação, modernizar as mídias. É um discurso que tem por trás a tentativa de enfraquecer os grupos empresarias, tornando-os mais dependentes do Estado.
A regulação à imprensa no país é fora de propósito, opinou Fabio Barbosa, presidente do Grupo Abril. O que se deve discutir, sustentou, é como educar a população para que saiba escolher livremente as fontes de informação:
- A imprensa tem sua autorregulação e seu compromisso com a verdade, e quem controla o conteúdo deve ser sempre o usuário. Felizmente, a presidente Dilma Rousseff já manifestou que prefere o barulho da democracia do que o silêncio dos porões.
No Rio Grande do Sul, as tentativas de controlar a mídia merecem igual alerta, apontou Nelson Sirotsky, presidente do conselho de administração do Grupo RBS. A proposta de se criar um conselho estadual de comunicação, com a participação do governo do Estado, pode representar um retrocesso à liberdade de expressão, analisou.
- O fato de não haver restrição à imprensa não significa que a imprensa não tenha responsabilidade no exercício de oferecer uma comunicação séria, independente e livre para os cidadãos- afirmou Sirotsky.
Julio Saguier, presidente do jornal argentino La Nación, afirmou que restrições à imprensa em seu país têm retirado da população o direito de saber o que está errado, reduzindo o poder de mobilização. Saguier aponta ausência de líderes e pensadores e o enfraquecimento da instituições de defesa da população como os principais resultados da tentativa de censura.
- Atacar a livre comunicação é uma tentativa, acima de qualquer coisa, de governantes de se manter no poder sem contestação - afirmou Saguier.
Homenageado com o prêmio Liberdade de Imprensa, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto lembrou que a Constituição optou por esse caminho em 1988, fortalecendo a democracia:
- A imprensa é insubstituível no espaço de crítica e pensamento libertário.