
O secretário de estado americano, Marco Rubio, disse que os Estados Unidos poderiam se engajar em negociações bilaterais depois de impor tarifas que atingiram os seus principais parceiros comerciais — e o Brasil.
Questionado se a China poderia sair vitoriosa da guerra comercial iniciada por Donald Trump, o chefe da diplomacia americana disse que os Estados Unidos estariam buscando por "justiça" no comércio global.
— Vamos impor tarifas recíprocas às que os países impõem a nós. É global, não é contra o Canadá, não é contra o México, não é contra a UE (União Europeia), é contra todos. E então, a partir dessa nova base de justiça e reciprocidade, nos envolveremos, possivelmente, em negociações bilaterais com países do mundo todo, em novos acordos comerciais que façam sentido para ambos os lados — disse Rubio em entrevista à CBS.
O secretário defendeu ainda que as tarifas seriam necessárias para fortalecer as capacidades dos Estados Unidos.
— Há setores essenciais, como alumínio, aço, semicondutores e fabricação de automóveis, que o presidente Trump acredita, que os EUA precisam ter uma capacidade doméstica, e a maneira de proteger esses setores e desenvolver essa capacidade é garantir que haja incentivos econômicos para a produção nos Estados Unidos — disse.
Especialistas, no entanto, têm alertado que as tarifas devem aumentar os custos para os produtores americanos, pressionando a inflação nos Estados Unidos.
Negociações do Brasil
No caso do aço e do alumínio, as tarifas de 25% que entraram em vigor na quarta-feira (12) têm impacto direto sobre o Brasil, que é um grande exportador de aço para os EUA.
Técnicos dos ministérios de Relações Exteriores (MRE) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) deram início às negociações com os Estados Unidos na sexta-feira (14) em reunião por videoconferência. O canal de diálogo foi aberto pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin em conversa com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.
O governo aposta no diálogo para conseguir eventuais concessões de Trump. A aplicação de reciprocidade é vista como a última opção, caso a negociação não dê resultados.
Em 2018, durante o primeiro governo, Trump impôs as mesmas tarifas de 25% sobre o aço o alumínio. O Brasil conseguiu negociar cotas de 3,5 milhões de toneladas de placas e 687 mil toneladas de aços laminados para exportação livre de taxas. Para alumínio foi definida tarifa de 10%.
Desta vez, no entanto, o presidente americano se mostra irredutível.
— Não vou ceder nenhum pouco — disse durante a semana.
Além das tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio, os Estados Unidos impuseram taxas de 10% sobre as importações da China. Para o mês que vem, são esperadas mais tarifas sobre produtos agrícolas e carros.
Nas suas idas e vindas, o presidente americano suspendeu duas vezes as taxas de 25% sobre as importações dos vizinhos México e Canadá, mas abriu uma nova frente em sua guerra comercial ao ameaçar a Europa com tarifas de 200% sobre bebidas alcoólicas.