Entre uma economia que patinou com a crise internacional e um mercado interno que consumiu menos, as principais empresas gaúchas tiveram um início de ano pouco animador.
O lucro das 10 principais companhias do Estado listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) caiu 11% no segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Levantamento da Solidus Corretora mostra que metade dessas empresas registrou resultado pior no trimestre passado em comparação ao obtido em igual intervalo de 2011, sendo que três delas amargaram prejuízos. Para Matias Dieterich, analista de investimentos da Solidus, os resultados refletem a desaceleração dos primeiros meses do ano:
- Esperava-se uma melhora no início do segundo trimestre, mas esta recuperação não veio. As vendas da indústria foram fracas e o varejo desacelerou.
Os resultados não chegam a surpreender, considerando o cenário em que a economia sofreu com a baixa demanda, atribuída ao endividamento da população e aos nossos principais compradores internacionais, que cresceram menos (China e Estados Unidos).
Para algumas empresas, o ambiente de negócios foi complicado. A SLC Agrícola, que teve um lucro milionário no segundo trimestre do ano passado, registrou em igual período de 2012 prejuízo de R$ 45,2 milhões. O desempenho da caxiense Randon teve o mesmo rumo: o lucro de quase R$ 90 milhões encolheu para um prejuízo de R$ 4,7 milhões.
Além de sofrer com a economia lenta, ambas as empresas foram prejudicadas por uma safra de verão fraca (no Rio Grande do Sul, a colheita de soja teve quebra de 43%). Para a SLC, a seca, que elevou o preço do grão, aumentou os custos com arrendamento de terras.
Vendas crescem, mas cai o lucro
E a Randon viu encolher investimentos de clientes em caminhões para transportar grãos.
- A produção de caminhões no Brasil caiu 40% no primeiro semestre, e, com isso, nossas vendas de carrocerias, autopeças e sistemas automotivos foram 20% menores - explica Astor Milton Schmitt, diretor corporativo e de relações com investidores das Empresas Randon.
Embora tenham reduzido o ritmo de alta que vinham registrando nas vendas nos últimos meses, empresas de varejo sofreram menos com o cenário econômico. As três principais companhias gaúchas na bolsa que vendem direto ao consumidor - Dimed, Grendene e Lojas Renner - aumentaram o faturamento e as vendas. O lucro da Renner, no entanto, caiu 8,9%.
- Essa queda não deve ser analisada isoladamente: as vendas e as margens continuaram positivas, mas houve uma alavancagem (busca de recursos) de
R$ 600 milhões a partir do ano passado que aumentou a despesa com juros - explica o diretor de relações com investidores da Renner, Adalberto Santos.