A dúvida na cúpula da Infraero sobre a viabilidade da ampliação da pista do aeroporto Salgado Filho começa a contagiar opiniões no Estado.
As interrogações surgiram com a possibilidade de o custo da obra aumentar em até três vezes em relação ao valor original de R$ 223 milhões.
Na sede da estatal em Brasília e no governo gaúcho transita a tese de que seria mais racional deixar de investir em um local com saturação prevista para até fim da década e destinar os recursos para o aeroporto 20 de Setembro, proposta de municípios da Região Metropolitana.
Movimento que inclui empresários, universidades, poder público e trabalhadores com a missão de pensar o futuro do Rio Grande do Sul, a Agenda 2020 é favorável à manutenção do plano de prolongamento da pista e entende que uma obra não elimina a outra.
Para a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), no entanto, o certo seria deixar o terminal da Capital como está e partir para um novo.
A argumentação da Agenda 2020 é que, mesmo se confirmada a disparada do orçamento, o custo de não levar adiante a extensão de 2,28 mil metros para 3,2 mil metros seria mais prejudicial à economia.
Amparado em dados da Infraero, o diretor executivo do movimento, Ronald Krummenauer, afirma que o Salgado Filho faz o Estado perder R$ 2,4 bilhões por ano em negócios que deixam de ser realizados, devido à impossibilidade de aviões de carga operarem a pleno.
No prazo de oito anos estimado como tempo mínimo para a construção do 20 de Setembro, projeta Krummenauer, o prejuízo somaria R$ 19 bilhões:
- São negócios que deixam de ocorrer no Salgado Filho e são gerados em Viracopos (Campinas) e Guarulhos.
Aumento no custo teria a ver com o terreno úmido
O presidente da Fiergs, Heitor Müller, afirma que a posição da entidade - também integrante da Agenda 2020 - é por desistir do projeto no Salgado Filho e apostar na construção do 20 de Setembro.
- A própria Infraero admite que o Salgado Filho estará superado em seis ou sete anos. O custo seria muito alto para o tempo de aproveitamento - pondera Müller.
O projeto de prolongamento, em elaboração pelo Exército, tem previsão de ser entregue até o fim do mês. Segundo a Infraero, o aumento dos custos tem como principal razão a necessidade de adensamento do solo no local devido ao terreno úmido.
Prós e contras
Viabilidade de ampliação da pista do Salgado Filho divide opiniões no Estado
Agenda 2020 defende prolongamento, mas Fiergs apoia novo aeroporto
Caio Cigana
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