Já havia ocorrido com o Itaú, e nesta sexta-feira (7) se repete com o Bradesco: os bancões apresentaram grandes lucros nos balanços de 2024 e, mesmo assim, o mercado está "punindo" com a queda nas ações.
Na quinta-feira (6), o Itaú Unibanco informou ter obtido, ao longo do ano passado, lucro líquido de R$ 40,2 bilhões. É o maior valor já alcançado por uma instituição financeira na bolsa de valores, a B3, segundo a consultoria Elos Ayta. Durante o dia, o banco enfrentou queda de até 2% nas ações e acabou fechando quase no zero a zero – oscilação para cima de 0,18%.
Nesta sexta, o Bradesco comunicou que seu lucro em 2024 foi de R$ 19,6 bilhões – cerca de 20% acima do ano anterior – e, desse total, o do quarto trimestre foi de R$ 5,4 bilhões, avanço de 87,7% em relação ao mesmo período de 2023. As ações chegaram a cair 4%, depois moderaram para o patamar de 3%, no caso das preferenciais (têm prioridade na distribuição de dividendos), e de 2% nas ordinárias (têm direito a voto nas decisões estratégicas).
No caso do Bradesco, a explicação é um pouco mais fácil: em 2022, o banco enfrentou uma crise de inadimplência, que o mercado ainda não vê como 100% resolvida. Por isso, determinadas informações do balanço – aumento despesas, especialmente com contingências cíveis, trabalhistas e fiscais – despertaram reação negativa.
No caso do Itaú, não só o resultado foi mais do que o dobro do Bradesco –, como a inadimplência segue em baixa. Qual o problema, então? Baixa receita de tarifas e pesado investimento em tecnologia.
Em comum, há o cenário de Selic em órbita para este ano. Os dois bancões sinalizaram que vão operar com cautela neste ano de aplicação de choque de juro – taxa básica vai a 14,25% até março –, que torna a concessão de crédito ainda mais delicada do que o habitual.