O dólar dava indícios de estabilidade nesta sexta-feira (7) até duas notícias impactarem o mercado. Um possível reajuste do Bolsa Família para aliviar a alta dos preços dos alimentos e uma nova ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fizeram a moeda americana voltar ao patamar de R$ 5,80. Mas não se manteve até o encerramento da sessão e fechou a semana em R$ 5,793, alta de 0,51%.
Trump disse que quer anunciar tarifas de reciprocidade a diversos países durante coletiva de imprensa com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, que está em Washington. Os alvos principais são Reino Unido e União Europeia, mas o presidente dos EUA já reclamou do nível das tarifas que o Brasil aplica a produtos americanos, o que deixa o país em suspense. Ainda não são conhecidos os detalhes da medida, que renova os temores de uma nova escalada da guerra comercial mundial.
É bom lembrar que a tensão havia arrefecido durante a semana, com suspensão por um mês das tarifas sobre México e Canadá. Sobraram taxas de 10% para produtos chineses, com retaliação considerada moderada do país asiático.
O aumento de imposto de importação tem grande potencial de gerar abalo no câmbio por empurrar os preços para cima. Assim, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) teria de manter o juro mais alto, o que atrairia mais investidores ao país e, por consequência, fortaleceria o dólar.
No Brasil, uma declaração do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, pressionou o dólar. O ministro disse em entrevista à Deutsche Welle (DW) que "está na mesa" um aumento do valor do Bolsa Família.
A medida teria impacto fiscal e poderia causar aumento de inflação, o que gera desvalorização do real e temores com a dívida brasileira. O mercado havia ignorado deslizes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a semana, mas não perdoou a declaração de Dias, ainda que membros da equipe econômica tenham afirmado ao jornal Valor Econômico que não há discussão sobre reajuste do Bolsa Família.
*Colaborou João Pedro Cecchini