Numa ação que combina um desejo do governo - acelerar a redução do juro na ponta do consumo - e uma estratégia de mercado - disputar clientes com os concorrentes -, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal vão deflagrar uma agressiva redução nas taxas.
A ação faz parte de uma estratégia do governo federal que, além de incentivar o crédito para acelerar a atividade econômica, pretende criar mais concorrência no sistema bancário.
Na quarta-feira, os presidentes do BB, Aldemir Bendine, e da Caixa, Jorge Hereda, reuniram-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para costurar a estratégia que pretende acelerar a chamada portabilidade das operações bancárias - situação em que um cliente transfere conta e financiamentos de um banco para outro. O plano precisa da aprovação da presidente Dilma Rousseff.
Com a intenção de aumentar a concorrência, a possibilidade de trocar de banco foi criada em 2006, quando clientes passaram a poder transferir empréstimos.
Depois, trabalhadores gradualmente puderam escolher o banco para receber os salários. A última fase ocorreu em janeiro, quando a portabilidade passou a beneficiar os servidores públicos.
Para governo, os dois bancos são fortes na rede de agências
Agora, com o processo implantado, o governo entende que BB e Caixa devem ser mais agressivos no uso desse instrumento para acelerar a queda dos juros e a competição bancária.
O governo avalia que, se um cliente recebe o salário no banco público, a instituição pode oferecer juro menor do que o atual porque a instituição terá a segurança de receber mensalmente um valor suficiente para pagar as parcelas do empréstimo que, inclusive, podem ser descontadas automaticamente quando o cliente recebe o pagamento.
Para atrair o cliente, os dois bancos prometem fazer barulho em uma ação de marketing para dar publicidade às vantagens. Entre os argumentos, tarifas e juros aparecem em primeiro.
Os bancos devem explicitar rankings, como o do Banco Central, que mostram que serviços e empréstimos nessas instituições costumam ser, na média, mais competitivos que na concorrência.
Outro argumento dos bancos públicos para atrair clientes será a rede de atendimento. Para o governo, os dois bancos são imbatíveis nesse tema: o BB conta com todas as agências dos Correios, e a Caixa tem as lotéricas.
Para o governo, os bancos estatais podem forçar os privados a reduzirem juros e tarifas para não perder clientes. Com 30% do mercado, BB e Caixa teriam poder de fogo para puxar para baixo o juro dos bancos privados.
Pressão da ponta
Combinação de desejo do governo com estratégia de mercado faz BB e Caixa baixarem juro
Bancos públicos federais acertam ação agressiva para forçar redução de taxa
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