
Um evento que superou limites, a Expodireto Cotrijal cresceu, virou referência nacional e hoje atravessa fronteiras, com protagonismo internacional. Aproximando o produtor do conhecimento, da tecnologia e da inovação, além de oportunizar negócios e debates importantes para o campo, a feira completa 25 anos de história consagrada como uma das maiores do agronegócio nacional.
Desde o início, a Expodireto ocorre em Não-Me-Toque, no norte do Estado, no mês de março, já tendo posição cativa no calendário de fabricantes e agricultores. Realizada desde 2000, a feira reúne visitantes de mais de 70 nacionalidades, tem público esperado de 300 mil pessoas em cinco dias de evento neste ano e conta com uma área de 131,2 hectares de infraestrutura, que deve ser ampliada em 2026, segundo o presidente da Cotrijal, Nei Manica.
Ele destaca que, apesar de jovem, o evento foi um divisor de águas no desenvolvimento regional e na produtividade de empresas expositoras e de produtores.
— É um ano importante, porque a ONU (Organização das Nações Unidas) definiu que 2025 é o Ano Internacional do Cooperativismo e, como a Expodireto é organizada por uma cooperativa, fortalece ainda nosso evento e a importância do cooperativismo no agro, na economia e na vida de maior parte das comunidades gaúchas — afirma Manica.
O presidente da Cotrijal, porém, ressalta que o trabalho da cooperativa com essas empresas vai muito além dos cinco dias de feira, estendendo-se pelos outros 360 dias do ano e até mais. Pensar adiante, diz Manica, sempre foi um diferencial do agronegócio como um todo, mas não do Brasil e de seus governantes.
— O setor avançou muito em produtividade, tecnologia, expansão e área, ao longo dos últimos 25 anos, entretanto, a infraestrutura nacional não acompanhou o crescimento — lamenta o presidente da Cotrijal.
Um exemplo é a malha ferroviária, modal que ele aponta não ter avanços nos 25 anos em que a Expodireto debate o tema. Ao contrário: a malha foi abandonada e não tem condições de contribuir para o escoamento da produção agrícola.
O mundo precisa de alimento e a produção aumentará, gerando uma mudança grande em toda a cadeia produtiva. E a Expodireto contribui para isso.
NEI MANICA
Presidente da Cotrijal
Vitrine de máquinas e insumos modernos para todo o mundo
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e também do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers) Claudio Bier, reforça a importância que a Expodireto sempre teve para o setor de máquinas e implementos agrícolas, apresentando as novidades para os produtores rurais. Tudo isso acompanhando evoluções como a internet das coisas e a inteligência artificial.
A Expodireto Cotrijal permite apresentar ao agricultor as melhores novidades em tratores, colheitadeiras, pulverizadores, plantadeiras e soluções para a agricultura digital, proporcionando condições para que o agro brasileiro produza cada vez mais.
CLAUDIO BIER
Presidente da Fiergs e do Simers
Comércio exterior
Quem também acompanhou o desenvolvimento do evento, desde as primeiras edições, é o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão, que concorda que a feira leva ao produtor as tendências e o futuro do mercado e do setor.
Sem a feira, o produtor teria que procurar maquinário avançado e não saberia onde. Na Expodireto se tem a oportunidade de ver várias opções em um só lugar, com insights sobre tecnologia agrícola em geral.
PEDRO ESTEVÃO
Presidente da Abimaq
Ele ainda destaca que feiras como a Expodireto contribuem fortemente nas vendas de máquinas. Dados da Abimaq apontam que em torno de 25% do total comercializado ao ano, no Brasil, ocorre nesses eventos. Isso porque fabricantes, revendedores e instituições financeiras que facilitam as negociações estão reunidos, facilitando o caminho da compra por parte do cliente, neste caso, os produtores rurais.
Venda que também não fica restrita aos brasileiros. Estevão diz que pessoas de diversas nacionalidades passam pela Expodireto, o que facilita o contato com o comércio exterior e com fabricantes de sementes, defensivos e máquinas. Entre as nacionalidades estão indianos, chineses, africanos e russos, estes pela primeira vez na feira.
Contribuição para o presente e o futuro do agronegócio
Um programa em família que garanta a permanência do produtor no campo. Segundo o secretário estadual de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Clair Kuhn, quando os filhos acompanham os pais para visitar a feira, isso contribui para a sucessão rural. Kuhn comenta que, neste momento, também há um processo de inovação. O olhar dos mais jovens pode trazer uma solução mais inovadora ou até mesmo um pensamento de querer fazer diferente ao assumir a gestão da propriedade.
E, falando em futuro, o secretário ressalta que a Expodireto também é um grande palco para a discussão das políticas públicas para o setor agro. E, ao longo dos 25 anos, diversos temas tiveram espaço no evento e evoluíram.
Um ponto destacado por Kuhn é a questão de genética de plantas.
— Temos plantas mais resilientes a seca, mas também resistentes a chuvaradas. Às vezes, plantas que consigam colocar mais rapidamente aquele potencial total de produção em períodos de janelas de chuvas normais. A questão genética para aumentar a produtividade avançou muito, certamente uma das grandes questões — avalia o secretário.
Securitização no agro
Para os próximos anos, a produção com cuidado ao meio ambiente e os impactos das mudanças climáticas — não somente ambientais, mas também financeiros — devem estar no centro da pauta no evento.
— Viemos de uma sequência de três estiagens, uma enxurrada imensa e mais uma seca agora, em grande parte do Estado. Na Expodireto, vamos mostrar ao governo federal que precisamos de securitização (seguro contra perda de lavouras, como decorrentes do clima), maior parcelamento de dívidas e alongamento de compromissos — informa o secretário.
Kuhn utiliza de exemplo a securitização feita durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1995, que aliviou bilhões de reais em dívidas rurais e contribuiu no restabelecimento da cadeia produtiva após grave crise no setor.