
Sintomas simples, como cansaço, dor de cabeça, tontura e queda de pressão, muitas vezes são interpretados como sinais de um mal-estar passageiro. No entanto, em alguns casos, esses indícios podem estar alertando para condições mais sérias, especialmente quando relacionados a problemas neurológicos e cardiológicos.
Conforme levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), que analisou as causas de morte de 2002 a 2019 em nível mundial, as doenças cardíacas lideram as estatísticas de óbitos, seguidas pelo acidente vascular cerebral (AVC).
Por isso, é fundamental que qualquer sintoma persistente ou incomum seja avaliado com atenção, pois pode indicar a necessidade de intervenção médica precoce.
Diferenciando os sintomas neurológicos
Desidratação, queda de pressão e tontura são sintomas comuns, causados, por exemplo, por exposição ao calor ou consumo excessivo de bebidas alcoólicas. No entanto, também podem ser sinais de alerta para problemas mais graves. Saber diferenciá-los é essencial para reconhecer a necessidade de buscar atendimento médico.
“Ao ingerir grandes quantidades de bebida alcoólica, os efeitos surgem de forma gradual. Quanto maior o consumo, mais intensos se tornam. Já em um problema grave, a palavra-chave é ‘súbito’, porque os sintomas surgem repentinamente”, explica Jamileh Chamma, neurologista do Hospital São Marcelino Champagnat. Essa diferença entre o surgimento progressivo e abrupto dos sintomas pode ser determinante para a busca de ajuda médica.
Quando procurar um pronto-atendimento
Perda de força, alterações na sensibilidade ou visão, tontura e vômitos persistentes devem ser levados a sério, especialmente se aparecerem de repente. “Não dá para ficar em casa achando que é apenas uma ressaca ou um mal-estar passageiro. Somente um médico, por meio de um exame clínico e do histórico do paciente, pode diferenciar os sintomas com precisão e iniciar o tratamento adequado”, enfatiza Jamileh Chamma.
Outros fatores, como calor intenso, alimentação irregular, hidratação insuficiente e privação de sono, também podem afetar a pressão arterial e aumentar o risco de eventos graves. “Os exageros nunca são recomendados, seja com bebidas, festas, noites mal dormidas ou alimentação inadequada. Isso tudo pode comprometer a saúde, principalmente quando combinado”, alerta a neurologista.
A rapidez no atendimento pode mudar completamente o desfecho de casos neurológicos, como um AVC. “Costumamos dizer que o tempo para a intervenção médica deve ser sempre o menor possível, pois cada minuto importa. A janela ideal para tratamento é de até quatro horas e meia após o início dos sintomas. Nesse período, as intervenções médicas ainda podem minimizar ou até reverter possíveis danos cerebrais”, reforça Jamileh Chamma.

Sintomas de doenças cardíacas
As dores no peito, muitas vezes atribuídas à ansiedade ou ao esforço físico, nunca devem ser ignoradas. “Não é normal ter dor no peito. Na dúvida, sempre busque avaliação médica, pois pode ser um infarto”, orienta Gustavo Lenci, cardiologista do Hospital São Marcelino Champagnat.
Outros sinais também indicam perigo. O calor e a agitação, por exemplo, são alguns fatores que podem causar desconforto passageiro, mas, se houver dificuldade para respirar com esforços mínimos, como ao caminhar curtas distâncias, é um sinal de alerta. “Se a pessoa se sente ofegante mesmo ao realizar pequenas atividades, deve procurar atendimento”, explica Gustavo Lenci.
Outro indicativo de que pode ser o momento de procurar um pronto atendimento é o inchaço corporal, que tem diversas causas, mas, quando vem acompanhado de dificuldade respiratória, pode indicar insuficiência cardíaca. “Diversas situações podem causar inchaços. Existem, por exemplo, pacientes que têm varizes ou insuficiência venosa, que fazem com que sintam uma sensação de queimação nas pernas aliada ao inchaço”, comenta o médico.
Por isso, é importante ficar atento aos outros sintomas. “No entanto, se pés e pernas inchados estiverem associados a outros sintomas, como falta de ar, há grande probabilidade de ser um problema cardíaco mais sério”, complementa o cardiologista.
Escute os sinais do seu corpo
Para muitas pessoas, o receio de estar exagerando faz com que evitem buscar ajuda médica. No entanto, se um sintoma gera incômodo ou dúvida, a avaliação profissional é sempre recomendada. “Procurar atendimento médico pode ser a diferença entre um simples susto e um problema grave. Quanto mais cedo a avaliação for feita, maiores as chances de evitar complicações e garantir um tratamento eficaz”, indica Gustavo Lenci.
Especialistas orientam, ainda, que mesmo em casos nos quais esses sintomas são passageiros, procurar um especialista é sempre a melhor opção. “Mesmo que os sintomas desapareçam sozinhos, isso não significa que o problema tenha sido resolvido. Episódios transitórios podem ser um alerta de algo mais grave está por vir, e a busca por atendimento pode prevenir sequelas permanentes”, conclui Jamileh Chamma.
Por Lívia Cristaldo