O presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o paraguaio Alejandro Domínguez, pediu desculpas neta terça-feira (18) após ter dito que a Copa Libertadores sem clubes brasileiros seria como o "Tarzan sem [a macaca] Chita", afirmando que não teve a intenção de desqualificar ninguém quando fez a comparação.
"A expressão que utilizei é uma frase popular e jamais tive a intenção de menosprezar nem desqualificar ninguém", escreveu Domínguez em uma mensagem na rede social X.
Ao responder sobre a ideia sugerida na semana passada pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira, de que os clubes brasileiros deveriam abandonar os torneios organizados pela Conmebol pela falta de punições exemplares contra o racismo, o dirigente disse que "a Conmebol sem os clubes brasileiros seria como o Tarzan sem a Chita".
Após a repercussão, Domínguez pediu desculpas por sua comparação: "Em relação a minhas recentes declarações, quero expressar minhas desculpas (...) Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a Conmebol", enfatizou.
- "Provocação" aos clubes brasileiros -
Nesta terça-feira, Leila Pereira condenou a declaração "desastrosa" de Domínguez.
"Não é possível que, mesmo após o caso de racismo do qual os atletas do Palmeiras foram vítimas no Paraguai, o presidente da Conmebol faça uma comparação abominável como a que ele fez. Parece até uma provocação ao Palmeiras e aos demais clubes brasileiros", disse a dirigente ao portal Globo Esporte.
No início do mês, Leila havia acusado a Conmebol de ser "muito displicente" diante das ofensas racistas lançadas contra os jogadores do Palmeiras durante um jogo contra o Cerro Porteño do Paraguai, em Assunção, pela Copa Libertadores Sub-20.
O capitão da equipe paulista sub-20, Luighi, chorou em entrevista após o jogo, que terminou com a vitória dos brasileiros por 3 a 0 sobre os paraguaios.
"Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime", declarou o jogador.
As imagens de televisão mostram um torcedor do Cerro Porteño imitando um macaco na direção de jogadores do Palmeiras que saíam de campo após serem substituídos na reta final da partida.
"O presidente da Conmebol tem muito mais coisa para se preocupar do que fazer coisas do tipo, como piada ou algo assim", declarou em entrevista coletiva nesta terça-feira o meio-campista Bruno Guimarães, que está concentrado com a Seleção Brasileira em Brasília.
- Punições insuficientes -
Domínguez falou sobre o tema do racismo durante o sorteio dos grupos da Copa Sul-Americana e da Libertadores de 2025, realizado na segunda-feira, e concordou que as punições são insuficientes.
"A Conmebol decidiu convocar os governos nacionais para trabalhar contra qualquer fato com estas características", disse Domínguez, sem fazer nenhuma referência ao último episódio que envolveu torcedores paraguaios.
A Conmebol multou em US$ 50 mil (R$ 284 mil na cotação atual) o Cerro Porteño e ordenou que o clube promova campanhas contra o racismo em suas redes.
A punição foi considerada "insignificante" pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que em nota expressou sua "inteira indignação com a decisão da Comissão Disciplinar da Conmebol em razão da sua completa inefetividade".
"A decisão não combate com o rigor necessário a discriminação racial ocorrida, mas, lamentavelmente, incentiva a prática de novos atos criminosos ante a ineficácia das penalidades aplicadas", apontou a CBF.
A polêmica promete continuar, já que o sorteio da Copa Libertadores colocou Palmeiras e Cerro Porteño no mesmo grupo, que também tem a presença de Sporting Cristal e Bolívar.
* AFP