
O jornalista Henrique Ternus colabora com a colunista Rosane de Oliveira, titular deste espaço.
Depois de a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticar governadores por serem ingratos com o pagamento de dívidas dos Estados pela União, Eduardo Leite manteve o tom de confronto e rebateu as reprimendas. Em reunião almoço na Fiergs nesta terça-feira (18), Leite iniciou sua manifestação com queixas à ministra recém empossada:
— A pouca habilidade política não me surpreende, mas me surpreende o desconhecimento dela sobre os assuntos.
Pela manhã, Gleisi afirmou que um relatório do Tesouro Nacional, sobre pagamentos de dívidas dos Estados pagas pela União no âmbito do regime de recuperação fiscal (RRF), mostra que o governo pagou R$ 1,3 bilhão de dívidas de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul, mas que nenhum dos governadores agradeceu ao presidente Lula.
"Ao contrário, eles estão entre os que mais atacam o presidente, fazendo oposição sistemática a quem os socorre na hora mais difícil" escreveu Gleisi, no X.
Leite respondeu à ministra dizendo que não poderia fazer nada quanto à falta de habilidade política, mas que tentaria ajudá-la com a falta de informações. O governador disse que o regime de recuperação fiscal foi aprovado no governo de Michel Temer e aderido pelo Estado sob Jair Bolsonaro, e por isso não deveria agradecimentos a Lula, que “não tem nada a ver” com o assunto, segundo Leite.
Outro argumento do governador gaúcho é de que suas críticas são direcionadas ao "tratamento desigual" que o governo federal dá a Estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste — que contam com fundo constitucional multibilionário — em relação a outras regiões do país, assim como benefícios fiscais que são garantidos para outros Estados e que não são replicados no Rio Grande do Sul. Ao reforçar que está defendendo os interesses dos gaúchos, Leite foi aplaudido pela plateia formada majoritariamente por empresários da indústria.
— A ministra fez a declaração provocativa e um ataque aos governadores. O que ela ataca e critica a mim é por algo que é feito em favor do Rio Grande do Sul e dos gaúchos. Então, ela está atacando o Rio Grande do Sul também e nós não vamos aceitar esse ataque. Eu espero que a ministra, que está começando no seu trabalho de articulação institucional, pegue a embocadura e entenda que ela deixou de ser a presidente de um partido político e passou a ser a ministra responsável pela relação institucional — ampliou Leite, em coletiva de imprensa após a reunião-almoço.
Disponibilidade para 2026
Após uma apresentação de aproximadamente 30 minutos, na qual abordou os desafios do primeiro mandato e as ações que vem executando no segundo governo, Eduardo Leite respondeu a algumas perguntas e falou sobre uma eventual candidatura à Presidência da República.
O governador se colocou à disposição para a disputa, mas desviou do assunto, afirmando que é preciso superar a "polarização radical e destrutiva" que se observa no cenário nacional atualmente, e que será necessária uma grande construção para viabilizar uma candidatura.
— A porta está aberta — resumiu.