
A empresa aérea American Airlines se pronunciou na segunda-feira (10) sobre o ocorrido com a atriz Ingrid Guimarães. Na última sexta-feira (7), a atriz retornava de Nova York para o Rio de Janeiro em um voo da companhia quando um funcionário exigiu que ela cedesse o assento na premium economy para um passageiro da primeira classe, pois um assento dessa categoria havia apresentado defeito.
"Nosso objetivo é proporcionar uma experiência de viagem positiva e segura para todos os nossos passageiros. Um membro da nossa equipe está entrando em contato com a cliente para entender mais sobre sua experiência e resolver a questão", declarou a American Airlines em nota enviada ao jornal O Globo.
Ingrid relatou, por meio de um vídeo nas redes sociais, o constrangimento que sofreu durante o episódio. Ela disse ainda que já estava sentada em seu assento, com o cinto afivelado e pronta para a decolagem quando foi abordada por um funcionário da companhia aérea.
— Quando eu estava já sentada, com o cinto colocado, pronta pra voar, veio um funcionário e me disse o seguinte: "Você vai ter que sair, você foi escolhida pra sair daqui e ir pra Econômica porque uma pessoa quebrou uma cadeira da pessoa da Executiva e essa pessoa vai comprar o seu lugar e você vai pra um outro lugar que tivesse comprando na Econômica" — disse.
Diante da situação, Ingrid questionou o funcionário sobre o motivo de ter sido escolhida.
— Eu falei, "não entendi, por que eu?". Ele falou: "porque isso é uma regra, você foi escolhida". Eu disse: "não, eu não vou". Aí ele falou: "não, você tem que ir". Eu falei: "não, eu não tenho que ir, eu comprei esse lugar e eu vou ficar aqui" — prosseguiu.
Ameaças e coação
Durante o relato, a atriz afirmou que outro funcionário da empresa se aproximou e passou a adotar um tom mais agressivo:
— Ele chamou uma outra pessoa, que já chegou falando alto, dizendo a seguinte frase pra mim: "Se você não sair daqui, você nunca mais viaja de American Airlines".
Mesmo diante da ameaça, a atriz manteve sua posição.
— Aí eu disse: "tudo bem, eu não preciso viajar de American Airlines, eu tenho outras companhias pra viajar". Aí elas ficaram muito chateadas, chamaram uma terceira pessoa, que essa falava português, uma pessoa de terra, e ela disse o seguinte: "Se você não descer, não sair do seu lugar, o avião inteiro vai ter que descer do voo por tua causa" — detalhou.
Em meio à confusão, um comissário brasileiro tentou intervir, mas reforçou a coação.
— Inclusive, tinha um único comissário brasileiro na equipe que veio e falou: "Querida, deixa eu te falar uma coisa, ou você vai descer por bem ou por mal".
A irmã e o cunhado da atriz, que estavam próximos, tentaram ajudá-la, mas também foram intimidados.
— Nesse momento, meu cunhado e minha irmã, que estavam na cadeira do lado, foram tentar ajudar, porque falam inglês melhor do que o meu, e uma das mulheres mandou meu cunhado calar a boca, dizendo que não pediu a ajuda dele, que era pra ele não se meter — relatou.
Na tentativa de forçá-la a ceder seu assento, a companhia fez um anúncio para todos os passageiros do voo.
— Diante disso, quando eu falei que eu ia continuar não saindo, eles foram, anunciaram lá naquele microfone para todo mundo que estava no voo, inclusive muitos brasileiros, que o voo não iria sair, que era pra todo mundo levantar, porque uma passageira não estava colaborando — disse.
Segundo Ingrid, isso gerou revolta entre os passageiros, que passaram a culpá-la pelo atraso.
— Ou seja, eles me colocaram contra o voo inteiro pra me coagir a sair do meu lugar. Até então eu não tinha nem entendido porque que eu ia ter que resolver o problema que aconteceu na executiva. Bom, não bastasse esse constrangimento todo, uma das comissárias ainda foi lá na classe Econômica, e tinha muitos brasileiros, e disseram que aquela passageira ali não estava colaborando, e por isso todo mundo ia ter que descer do voo — completou.
A pressão dos demais passageiros fez com que a atriz cedesse.
— É claro que as pessoas que não sabiam da história começaram a ficar chateadas, começaram a brigar comigo, a gritar comigo, dizer que eu estava atrapalhando lá o voo. E eu, diante desse constrangimento público, saí do meu lugar e fui pra um lugar que não era o meu lugar — lamentou.
Após o ocorrido, a atriz recebeu um voucher da companhia, mas considerou o gesto insuficiente diante do constrangimento.
— No meio dessa confusão toda, eles me deram um papel, que eu achei que fosse enfiar na minha mão assim, no meio da confusão, achei que era inclusive a minha passagem. Enquanto eu sentei, eu vi que era um presentinho de US$ 300 pra compensar o que eu tinha passado — contou.
Indignada, Ingrid classificou a situação como abusiva e humilhante.
— Eu vivi uma situação abusiva, violenta, injusta, e eu fui coagida na frente do voo inteiro a fazer o que a American Airlines queria. E eu fiz questão de vir aqui me expor, porque quem sabe, um vídeo desse ajude com que os brasileiros sejam melhor tratados em companhias como essa — pontuou.