Do primeiro, não lembro o nome. Era mais baixo que eu, mais moço que eu, e loiro. Usava uma camiseta listrada e um short. Nosso amor durou eternos 10 minutos. Eu estava brincando sozinha no pátio interno do edifício, a empregada me cuidando da janela do primeiro andar. Ele se aproximou e disse que tinha uma lesma nojenta na parede do prédio, perguntou se eu queria ver, eu não queria, mas ele estava falando comigo pela primeira vez e eu aceitaria ir até o fim do mundo com ele. Fomos. Era uma parede lateral, escondida, meu coração começou a bater. Chegando lá, não tinha lesma, não tinha ninguém. Acho que ela foi embora, ele disse, e eu nem estranhei a ligeireza da lesma, não pensava em mais nada, apenas que ele havia me levado para um lugar em que ninguém podia nos ver. Ali ficamos. Eu encostada contra a parede. Ele encostado contra a parede também, ao meu lado. Os braços encostando um no outro. Acho que não foram 10 minutos, foram menos, mas aquela tarde nunca acabou.
PASSAGEIRO
Amores inocentes
Depois a gente cresce e o amor apresenta sua lista de exigências. Adequações. Palavras certas. Compatibilidade. Discussão de relação. Salários. Planos. Ciúmes. Projeções. Contrato de união estável. Filhos. Bodas. Traumas. Expectativas
Martha Medeiros
Enviar email