Recentemente, personalidades como Maiara, da dupla com Maraisa, e Jojo Todynho tiveram seus nomes vinculados à chamada ninfoplastia, também conhecida como labioplastia. Enquanto a cantora sertaneja compartilhou com o público que havia se submetido ao procedimento após passar por um processo de emagrecimento, a influenciadora digital declarou que não nega a possibilidade de realizar a intervenção.
Ninfoplastia é como ficou popularmente conhecida a cirurgia íntima de redução dos pequenos lábios (ou lábios internos) da vulva. Ela envolve a retirada de um excesso de pele da região, quando há um aumento do tamanho — uma projeção — em relação aos grandes lábios (ou lábios externos). Algumas mulheres podem apresentar uma assimetria na genitália, desenvolvida durante a puberdade, por questões hormonais, ou ao longo dos anos, por conta de oscilações expressivas de peso e até mesmo pelo envelhecimento.
Conforme a cirurgiã plástica Barbara Goldoni, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), o procedimento pode ser realizado não apenas por razões estéticas, mas também em busca de uma melhor qualidade de vida.
— As cirurgias íntimas, de forma geral, podem ser tanto para a melhora estética quanto para a melhora da qualidade de vida, das funções sexuais, conforto, saúde das mulheres. Tanto um quanto outro cenário são adequados, contando que a mulher procure o procedimento realmente para agradar a ela e não para agradar uma parceira ou parceiro — declara a especialista.
Harmonia na região
Há mulheres que buscam a ninfoplastia por conta do incômodo visual com o volume que enxergam na região. A circunstância pode provocar diferentes desconfortos funcionais no dia a dia, como dificuldades para a realização de práticas esportivas, como corrida e ciclismo; dores ao fazer uso de roupas justas, entre calças jeans, biquínis e calcinhas, devido ao atrito entre a pele e o vestuário; dores e diminuição do prazer na relação sexual, já que os lábios internos podem acabar sendo empurrados para dentro da vagina durante a penetração; além de insegurança, constrangimento com a aparência e baixa autoestima.
Segundo a cirurgiã plástica Barbara Goldoni, também existem algumas condições de saúde que podem ter seu desenvolvimento facilitado por conta do excesso de pele, como, por exemplo: candidíase de repetição e assaduras, em virtude de um eventual comprometimento da higiene da genitália.
É fundamental, antes de optar por qualquer cirurgia, entender de forma completa a intervenção e as motivações para realizá-la. Apesar de simples, é irreversível. Dessa forma, é importante não banalizar o procedimento.
— Não é uma anormalidade ter os lábios aumentados. Se não causarem nenhum tipo de desconforto, nem para a saúde e nem para o emocional, não tem necessidade de tratar — pontua a cirurgiã plástica.
Como é feito o procedimento?
A ninfoplastia é uma cirurgia que deve ser conduzida por cirurgiões plásticos ou ginecologistas especializados. O procedimento dura, em média, uma hora e pode se estender caso outras intervenções na região íntima sejam realizadas, como preenchimentos localizados com gordura, uma alteração no clitóris, no períneo ou nos grandes lábios.
— Avaliamos a proporção entre os externos e os internos para retirar somente o excesso dos lábios internos. A ideia é que eles mantenham a sua função, que é continuar vedando a vagina e a uretra para não predispor essa mulher a outros problemas que seriam decorrentes de sequelas da cirurgia — explica a médica.
Considerada de baixa a média complexidade, a ninfoplastia é feita em clínicas ou hospitais, com anestesia local ou geral. A cirurgiã Barbara Goldoni defende que o procedimento seja feito em centro cirúrgico sob anestesia geral, para que a paciente tenha o suporte de profissionais e da estrutura hospitalar para caso ela venha a ter alguma reação adversa.
A especialista destaca que as tecnologias medicinais se desenvolveram a ponto de a cirurgia poder ser realizada com radiofrequência ou a laser, minimizando o trauma e sangramento que bisturis e tesouras causavam com as técnicas tradicionais.
Como é o pós-operatório?
Barbara explica que a cirurgia não exige internação. A sutura é feita com fios absorvíveis, de maneira que nenhuma cicatriz fique aparente e que o próprio organismo os expulse.
A paciente deve ter atenção especial à higiene do local e ao repouso, de acordo com a indicação médica. Em geral, em poucos dias, ela poderá retornar ao trabalho, mas precisará esperar cerca de um mês para retornar com atividades físicas e com relações sexuais.
Com relação à sensibilidade erógena, segundo a cirurgiã plástica, a ninfoplastia não é capaz de interferir no prazer.
— Acontece uma alteração temporária da sensibilidade nos primeiros sete, dez dias. Conforme aquela cicatrização for evoluindo, a sensibilidade vai voltando ao normal — declara.
Quais são os riscos?
Assim como qualquer cirurgia, a ninfoplastia apresenta riscos e possíveis efeitos colaterais. Barbara Goldoni pontua que, por ser uma área com potencial de sangramento, uma contraindicação seria a mulher ter alguma condição que predisponha a um sangramento aumentado ou uma dificuldade de cicatrização.
Um dos principais relatos é a desproporção e retirada excessiva de pele, que leva a um comprometimento do resultado e à sequelas. Quando o médico retira mais mucosa do que deveria, a região fica mais vulnerável a infecções e à secura.
— Nós temos um volume natural, tanto de gordura para acolchoar o impacto na relação sexual, quanto de lábios para proteger o canal vaginal, que precisa ser mantido fechado — relata Barbara.
Nesse sentido, é essencial estar atenta ao profissional escolhido, para que ele ofereça um acompanhamento adequado e permita discutir as expectativas em torno do resultado desejado e daquilo que é possível.
— Embora seja uma cirurgia de superfície, ela tem riscos. É um procedimento invasivo. Então, precisamos fazer, como para qualquer outra cirurgia, uma avaliação pré-operatória, exames para avaliar que ela não tenha condições que favoreçam uma evolução ruim no pós-operatório.
Existe vulva perfeita?
O Brasil é líder mundial na realização cirurgias íntimas, indica um levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Entretanto, é preciso tomar cuidado com os excessos na busca por procedimentos estéticos.
Muitas vezes, mulheres desenvolvem expectativas por resultados ideais inspirados em padrões irreais. É normal que a vulva, assim como as demais partes do corpo, tenha diferentes formas e tamanhos de pessoa para pessoa.
— Não existe uma vulva perfeita, assim como não existe nenhuma imperfeita. O que buscamos na cirurgia: a melhor harmonia possível, entre as estruturas da região íntima. Não estou buscando um padrão, estou buscando o melhor resultado para aquela mulher em termos de conforto e harmonia visual — finaliza Barbara Goldoni.
*Produção: Carolina Dill