Nossa amiga Sara Bodowsky - jornalista e comunicadora da Rádio Gaúcha, em que mantém o blog Roteiro da Sara para falar sobre viagens, vinho e gastronomia - esteve recentemente em Mendoza, na Argentina, e nos contou em primeira mão como foi a experiência completa no restaurante 1884, de Francis Mallmann.
Listei mais de uma dezena de vinícolas que queria conhecer enquanto fazia meu plano de viagem a Mendoza. Mas apenas um restaurante era must go: o 1884, do mestre Francis Mallmann, o mais famoso chef argentino no mundo, com restaurantes em Buenos Aires, na Patagônia e no Uruguai. O nome vem da data de fundação da Escorihuela Gascón, vinícola história de Mendoza, onde está localizado. Aberto em 1998, foi o primeiro a funcionar dentro uma bodega naquela cidade. Hoje, vários fazem o mesmo.
Já tinha organizado uma visita à Escorihuela (graças ao pessoal da importadora Grand Cru, que representa a vinícola aqui em Porto Alegre) e na troca de mensagens com a Celeste Pesce e o Matias Soler, ela diretora de Exportações e ele enólogo da bodega, acabei sendo convidada pelos dois para um jantar no 1884.
Foi uma daquelas experiências incríveis pra qual a gente acha que está preparada, mas não está. Especialmente porque tive livre acesso às áreas de preparo en el fuego, onde toda a magia de Francis, um argentino que levou a experiência da carne e do fogo para o mundo, acontece. Fogo direto, fogo brando. Fogo! Tudo vai nele - frutas, verduras, carnes.
Do lado de fora do restaurante, em pleno jardim fica o forno, a parrilla e o duomo (uma estrutura em metal com fogo em brasa no meio e que, no alto, aquece as peças de carne que depois vão à parrilla - fazendo com que o assado possa ser mal-passado sem que o interior fique frio - e embaixo cozinha lentamente vegetais e outros acompanhamentos). É um ritmo frenético de trabalho para que o que saia da cozinha interna (massas e saladas) se encontre com o que é preparado lá fora ao mesmo tempo na mesa do cliente.
O serviço é maravilhoso. Dan, o chef que comanda a casa sob a supervisão de Francis (que ainda viaja o mundo) é de uma doçura sem tamanho. Jovem e muito criativo, é o braço direito de Mallmann (e, na falta do chef master, também o esquerdo e as pernas). Os garçons, rápidos e solícitos.
As entradas são tão boas que voltaria para uma sequência só de entradinhas mais vinho. Minha preferida foi o polvo espanhol. Mas a salada de tomates com abacate também estava espetacular. O gravlax de truta com a batata rosti na base é praticamente uma pequena refeição.
Na hora dos pratos principais, não pensei duas vezes - quis provar o famoso chivo, ou chivito. Que nada mais é do que carne de cabrito preparada no forno de barro externo. O sabor? Bem forte. Senti a falta de um pouco mais de sal, mas o chef Dan me explicou que era assim mesmo - para que se entenda o sabor da carne. É importante lembrar que o argentino usa bem menos sal do que nós, especialmente no assado. A Cele pediu um ojo de bife - e veio perfeito. Fomos trocando os pratos, porque eu queria provar todos. Já o Mati pediu canelones de espinafre e ricota caseira - que não estão no cardápio ainda, mas o Dan estava testando justamente naquele dia.
O mais legal de estar com a pessoa que faz os vinhos é, justamente, provar os vinhos dessa pessoa. Matias é um enólogo que produz vinhos de alta gama há 3 anos na Escorihuela - e fez as melhores escolhas pra nossa mesa. O destaque pro Chardonnay 2014 e o DON - esse o ícone da vinícola, 100% malbec e 14 meses em barrica de carvalho francês de primeiro uso. Pra vocês terem uma ideia, esse vinho tem potencial de guarda de 15 anos! O lugar oferece os vinhos da Escorihuela em garrafas ou em taças.
Na hora da sobremesa já não tinha mais muito espaço, mas fiz questão de provar a releitura do tradicional pudim com doce de leite e creme argentino. Estava espetacular. Mas me apaixonei mesmo pela granita de pomelo rosado com Campari e creme de leite. Só de lembrar morro de saudades.
Na verdade, tenho de saudades de toda Mendoza. Sua gente, sua gastronomia, seus vinhos e até mesmo sua neve - tive tanta sorte que quando cheguei lá, no final de abril, nevou nas montanhas. Acredite. Eu amo, amo frio! Vou contando essa história aos poucos lá no Roteiro da Sara, confere!
Apesar de ter ido a convite, dei uma olhada nos preços do cardápio. Os pratos principais, para uma pessoa, vão de 429 pesos (U$ 31 dólares) até o ojo de bife que custa 507 pesos (cerca de U$ 37). As entradas, de 234 pesos (U$ 17) até 377 pesos (U$ 28) - no caso, o polvo é o mais caro. As sobremesas vão de 119 (U$ 9) a 170 (U$ 12).
1884 Restaurante
Belgrano 1188 - Godoy Cruz
Mendoza - Argentina
Fone: 261 424-3336
1884restaurante.com.ar
Leia mais sobre a experiência no blog Roteiro da Sara!