Sabe quando todo mundo que você conhece fala muito bem de um lugar, vai com freqüência nele e postam muitas fotos nas redes socais? Então? Claro que se fica louco pra conhecer, pois a parada é muito séria pra um foodie. Corre pra Tijuca e se atira no Bar do Momo.
Não pense que é um restaurante, bistrô, café, ou algo do gênero. Peraí, falei que era um bar, e como tal, reduto da boemia e na zona norte, lugar de raiz! Traduzindo: um boteco que na realidade só tem um balcão com banquetas, uma marquise e mesas na calçada. Sim, aqui é assim, roots, mas pra quem quer comer e beber bem! E ficar de papo com os amigos, que é o melhor da vida! Então chega mais que vou te apresentar.
O espaço é mesmo ao ar livre, muito freqüentado pela turma que adora samba e também por grupos de velhos amigos do bairro, ou por aqueles que vêm de outras regiões, atraídos pela boa fama do lugar. O ambiente é informal, convivendo democraticamente com duas barraquinhas de camelôs venda de artigos diversos, que vão embora depois que anoitece, aí sobrando mais espaço para mais clientes.
Tá vendo aquela pilha de mesas e cadeiras azuis ali atrás? Pois é, ao chegar e já encontrar muita gente acomodada (depois do almoço, o cardápio de petiscos começa a ser servido) você fala com o garçom, que pega e “monta” o seu lugar. À medida que o tempo passa, toda a extensão da calçada fica ocupada, indo até a esquina.
O Bar do Momo existe desde 1972 e teve esse nome em razão de ter sido aberto por uma figura emblemática do carnaval - um Rei Momo. Foi em 1987 que Antônio Lopes dos Santos, o Tonhão, adquiriu o Momo (forma carinhosa como todos se referem ao bar) que o lugar mudou pra melhor! E aviso, às sextas-feiras ele prepara uma senhora feijoada!
Também depois que seu filho Antônio Carlos Laffarge - o Toninho Momo assumiu a cozinha da casa, essa dupla atraiu ainda mais uma fiel clientela, inclusive a de chefs de cozinha! Um dos motivos são seus petiscos deliciosos, e um dos mais famosos é o bolinho de arroz.
Esse bolinho é demais! Preparado com mais de um tipo de queijo, lingüiça, cheiro verde, coberto por porção generosa de queijo! É frito em panela de ferro e tem uma cremosidade e gosto, únicos!
Como bom boteco não pode faltar além das bebidas alcoólicas, máquinas de cafés enormes que fazem café coado fumegante, ovos cozidos, artigos de bombonière, ventilador de parede, uma TV para os torcedores de plantão. Sem esquecer de cigarros, fósforos, isqueiros para os fumantes e prosaicos vasos à entrada, um de arruda e outro com espada de São Jorge. Muito autêntico e emblemático! E um detalhe importantíssimo, principalmente pra clientela feminina, os banheiros são limpíssimos!
Outro item de “proteção do ambiente”, que não poderia faltar – um São Jorge em seu cavalo, colocado sobre a geladeira, com direito a rosas vermelhas naturais e uma guia! Mais carioca impossível!
Aqui não tem cardápio impresso, quando muito, uma tabuleta escrita a giz, afixada na coluna do lado de fora. Mas é só perguntar pros atendentes (por sinal, muito simpáticos) que eles explicam tudinho o que sai no dia, e feito na hora.
O ambiente é assim, bem rústico, desprovido de qualquer lance de décor e frescurites, com mesas de plástico mesmo, sem toalhas e com serviço bem apropriado a um bar, minha gente. Afinal vem-se aqui pela fama da boa comida e bebida. E ao perguntar ao garçom pelas cervejas, ele enumera tantas, que é difícil gravar. Entre as marcas oferecidas, comerciais e artesanais, são mais de vinte e cinco rótulos! Então traz a “lista” das artesanais, por favor! E ela é assim ó – num papel escrito a mão. Mas que rol, cara! Já impressiona.
A amiga resolve começar mais pianinho, e pede uma das comerciais mesmo, a Original. Tudo bem, ainda é cedo e estamos esperando outras amigas chegarem. Cheers! Ou melhor; saúde!
Os preços são individuais por petisco e o tamanho dos mesmos é bem caprichado. Outra pedida dos deuses é o Atolei no Momo – carne de costela desfiada, creme de aipim, queijo e Doritos. Por minha santa padroeira dos Pés Sujos! (sim, ela existe), que delícia é essa?
Bem, a conversa tá boa e o apetite aumentando, então foram pedidos os clássicos de botequim - pastéis. De vários sabores, mas essa rodada foi de carne, camarão e de queijo.
Esse bonitinho e douradinho aqui foi o meu – camarão! Beeem bom!
Aí o garçom vem anunciar (funciona assim aqui, a gente fica logo íntimo deles) que está saindo sardinhas fritas e pergunta quem quer. Opa! Claaaro que queremos! Pode trazer! E elas chegam assim, sequinhas, quentes e empanadas. Acompanhadas de limão. Perfeitas!
Outra bebida bem pedida por aqui são as batidas. Quatro sabores – limão, coco, gengibre e maracujá. Claro que vocês adivinharam qual foi essa, né? Então? Geladinha, e muito gostosa, e servida como convém a uma genuína bebida de bar, num copinho americano.
Também há uma carta de cachaças selecionadas, das melhores, que mostro aqui, pra turma do bico doce saber que o bar não tá pra brincadeira.
Outro petisco tradicional – bolinho de bacalhau! Upa, lelê! Tá sentindo, né?
Mas não basta ser bolinho, tem que ser bonito, sequinho, dourado e com conteúdo molhadinho. Deu pra perceber por essa imagem, certo? Mas pra provar, tem que vir aqui!
Bom, nem só de bolinho vive o homem (e as mulheres), então me deixe mostrar um “carro chefe” aqui, quase uma frota, de tão grande e robusto. Tem o sugestivo nome de T-Rex. Quem acompanha o Instagram do Toninho Momo, do Gabriel da Muda (músico, morador da área, e gourmand de primeira), e do Rafael Crisafulli (alô meu amigo food hunter, saudade), sabe do que estou falando! Um mega contra filé mal passado, salpicado de alho torrado, e dois ovos fritos. Pra Brucutu nenhum botar defeito.
O prato vem servido com uma cesta de pães e dessa vez, pra acompanhar, uma Serramalte, a cerveja encorpada, deliciosa, que nasceu gaúcha.
Olha o porquê do pãzinho: pra atochar e fazer tchibum na geminha mole e no caldinho da carne. Vegetarianos que nos perdoem, mas a carne é fraca e ovo é vida!
Vou explicar que o Toninho lançou uma série de burgers que são maravilhosos e tem todos os dias, mas especialmente as quintas (a partir das 19h.) rola o Festival de Hambúrgueres, com sabores especiais, cada um mais incrível que o outro. Nesse dia ele mesmo veio explicar. Sente só – carne de costela de Kobe com acém, queijo meia cura, cebolas caramelizadas, maionese de alho, chicória, num pão de abóbora.
Bem, nesse tipo de lugar o forte são as bebidas e tudo salgado que as acompanham, mas eu preciso de glicose, então, o que temos hoje de sobremesa, Filomena? (Filó, para os íntimos). O pudim acabou então ela oferece um Filadéufia (assim mesmo na comanda). Oi? O que é isso? Um doce de queijo Philadelphia com creme de goiaba. Tipo, um Romeu e Julieta di buteco. E ela ainda fez a gentileza de passar pro prato (vem num copinho). Vou-te dizer que estava uma delícia!
Poderia ficar aqui, falando do Momo, como as coisas são gostosas, como tem muitas opções de bebidas e pratos sensacionais, da energia e clima contagiante do lugar, etc. e tal, mas não teria fim, então mostro uma foto da “vibe” da noite, que é assim, um monte de gente sendo feliz, comendo e bebendo, em boas companhias.
E paguei a conta pra ir pra casa, com a certeza de voltar! Muitas e muitas vezes!
A despesa de bebidas e petiscos fica numa média de R$ 50,00 p/p, mas se pedir pratos mais robustos em tamanho e ingredientes, a conta pode aumentar um pouco, pois há uns de R$ 30.00, R$ 15.00, ou o T-Rex que sai a R$ 60.00, mas dá tranquilamente pra dividir, e pode sair fatiado. Ou seja, venha ser feliz e comer como um Rei ou Rainha!
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Bar do Momo: onde a experiência gastronômica é sempre uma festa
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